quarta-feira, 2 de novembro de 2011

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A PASSAGEM 4 - JANDIRA ZANCHI



A DANÇA DOS ARCOS - A ÁGUIA DE OUR0
I  -  A  PASSAGEM

4.

-         Retornaremos à pressão da larva – considerou Alonso. Não serão brancas as variedades desse desmando. Meu peito já se desmancha na lentidão dos astros, nutre-se minha alma dos róseos grãos da areia silenciosa.
-         O surdo prensar do magneto domado, ativo no centro da terra – respondeu Amadeu – completará a espiral de nossas promessas. É leve o arco da espada quando o espírito se senta ao lado do direito.
-         Teu percurso é o da superfície bravia, iniciado na amplidão da matéria deitada na solenidade da planície.
-         O teu foi encompridando pelo fervor das rochas afeitas às meditações da mente, no conflito da grandiosa beleza da luz estirada no éter.
-         A alma de um Príncipe Negro é gritada no Canto dos Astros, cuspida na rudeza das pulsões do Centro.
   A planície viril se estendia nutrida de vigor guerreiro e vontade lúcida,  armada em um plano satisfeito.  Um vento de muita mansidão festejava a marcha do Sol.
-         Como se desenrola o signo da Abertura? – inquiriu Alonso.
-         Debate-se em convulsões de vontade, em pressões de alternância  de espírito. Posiciona-se entre o céu e a rocha e é desafio mesmo para os bruxos que percorrem a abstração. É o estado da paixão devorando-se pelas entranhas, espumadas nas veias dilatadas de desejo.
-         É a dança da rocha que desfeita de suas prisões expele com pouco pudor a entropia de suas mágoas, a desfeita de seus nódulos.
-         É a fêmea, impulsionada do prazer da vertigem e do gosto do caos, que se desnuda, por sobre os tambores de Dionísio, das rédeas das falsidades das máscaras.
-         E o perigo ?
-         Quando se despe o solo de suas reservas as maledicências com que se nutrem, no Cosmo exterior, as fatias de átomos mal digeridos na formação das estrelas, aventuram-se à redoma do corpo. O despertar dos demônios é ainda mais alvoroçado pela gula das levitadoras.
-         Mas teremos remédio..
-         Enquanto o Guerreiro posiciona-se na entrada da seqüência de plenitude e vaza os vasos do corpo, o Sultão abraça a fêmea da larva até secá-la, nua e estreita, no seu novo transcorrer. Porém, mesmo sob a supervisão do sétimo desvelo, a Passagem será libertada  apenas na garganta do Grande Fosso.
-         É na abertura da inconsciência, no seu mais bravio pulsar, que o Príncipe cumprirá a Grande Marcha.
-         A transmutação da espécie só beija o ósculo da consciência quando se devassam os moldes do seu passado.
-         Traspassando-se o homem de verso e frente, o macho da espécie encontrará a maneira de costurar o centro do altar.
-         Depois se deitará o Príncipe no Carro do Sol e seguirá a Águia até o anúncio do Deserto.

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