A DANÇA DOS ARCOS - A ÁGUIA DE OUR0
I - A PASSAGEM
4.
- Retornaremos à pressão da larva – considerou Alonso. Não serão brancas as variedades desse desmando. Meu peito já se desmancha na lentidão dos astros, nutre-se minha alma dos róseos grãos da areia silenciosa.
- O surdo prensar do magneto domado, ativo no centro da terra – respondeu Amadeu – completará a espiral de nossas promessas. É leve o arco da espada quando o espírito se senta ao lado do direito.
- Teu percurso é o da superfície bravia, iniciado na amplidão da matéria deitada na solenidade da planície.
- O teu foi encompridando pelo fervor das rochas afeitas às meditações da mente, no conflito da grandiosa beleza da luz estirada no éter.
- A alma de um Príncipe Negro é gritada no Canto dos Astros, cuspida na rudeza das pulsões do Centro.
A planície viril se estendia nutrida de vigor guerreiro e vontade lúcida, armada em um plano satisfeito. Um vento de muita mansidão festejava a marcha do Sol.
- Como se desenrola o signo da Abertura? – inquiriu Alonso.
- Debate-se em convulsões de vontade, em pressões de alternância de espírito. Posiciona-se entre o céu e a rocha e é desafio mesmo para os bruxos que percorrem a abstração. É o estado da paixão devorando-se pelas entranhas, espumadas nas veias dilatadas de desejo.
- É a dança da rocha que desfeita de suas prisões expele com pouco pudor a entropia de suas mágoas, a desfeita de seus nódulos.
- É a fêmea, impulsionada do prazer da vertigem e do gosto do caos, que se desnuda, por sobre os tambores de Dionísio, das rédeas das falsidades das máscaras.
- E o perigo ?
- Quando se despe o solo de suas reservas as maledicências com que se nutrem, no Cosmo exterior, as fatias de átomos mal digeridos na formação das estrelas, aventuram-se à redoma do corpo. O despertar dos demônios é ainda mais alvoroçado pela gula das levitadoras.
- Mas teremos remédio..
- Enquanto o Guerreiro posiciona-se na entrada da seqüência de plenitude e vaza os vasos do corpo, o Sultão abraça a fêmea da larva até secá-la, nua e estreita, no seu novo transcorrer. Porém, mesmo sob a supervisão do sétimo desvelo, a Passagem será libertada apenas na garganta do Grande Fosso.
- É na abertura da inconsciência, no seu mais bravio pulsar, que o Príncipe cumprirá a Grande Marcha.
- A transmutação da espécie só beija o ósculo da consciência quando se devassam os moldes do seu passado.
- Traspassando-se o homem de verso e frente, o macho da espécie encontrará a maneira de costurar o centro do altar.
- Depois se deitará o Príncipe no Carro do Sol e seguirá a Águia até o anúncio do Deserto.
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