RESPOSTAS DO TEMPO...
Sentiu a dor que lhe cortava as espinhas, que lhe esgarçava a pele e dilacerava os ossos. O corpo era a ruína mais patética. E não havia mais, sequer, um som que a tirasse do sonambulismo, de dentro das suas histórias tão tristes. Ela voltava ao útero da madrasta, porque a mãe lhe estava distante. Solitária ela era, mais solitárias as fagulhas de fogo a acender a vida que vivia, longe dela.
Sentada a uma pequena pedra, com o rosto a refletir em águas claras, fez-se como cigana a ler bolas de cristal... e a vida que lia, dentro das esferas, tinha bem mais brilho do que a vida que a ela, paraleleamente, corria. Mas a vida que o destino lhe mostrava... ah! esta ela não se atrevia a viver porque não sabia nada das meias palavras e das entrelinhas.
E a menina vagava pelos reinos que não existiam e por eles deixava histórias que não passavam de quimeras.
A menina dormia entre as misérias incorporadas à sua alma, nos dias em que a calma saía e nela permanecia apenas o medo e a escuridão. Nestes dias ela se escondia e chorava as tristezas que não compreendia...
Entre os escombros do seu mundo desencantado, calçava velhas sapatilhas e dançava sobre o chão feito a giz, esperando respostas do tempo.
Por Malu Silva
Imagem do Google
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