I - A PASSAGEM
15.
Madrugadas de perfurações desnudas e simbióticas. Planificado encargo nos vértices entrelaçados. Muralhas desabando, quase ao relento o rugir da larva.
Os dois homens eram única oração no fascínio do fosso. Este, do fundo de suas vísceras, cuspia com rigor os vinte e um ângulos da plenitude. Sorria-se da armada intenção de desvendá-lo, principiando a dança para o fulgor do encanto.
- Do domínio da mente transfere-se o altar para a lucidez do espírito – afirmou Alonso.
- A vontade já não se mede nos escombros – disse Amadeu. Desviou-se para apostar na viril marcha.
- Só se une a sacerdotes. Despreza e maneja os que se rezam antes do décimo primeiro alento.
- Não é em si que se visualiza. Nas formas de luz e cor que se levantam sem nenhum decoro.
- Estima vê-las partindo ao estático da marcha. Só concede porque confia na ânsia de suas partículas.
- Exige um descomunal esforço. Porém, na transmutação já não é uno, nem origem, só o primeiro porto da beatitude.
- Em sua memória o caldeirão dos fatos. Em sua ação o futuro areal da lua dourada.
- Divide-se entre a extrema vida que ferve arrombada nos núcleos e entre a infinita morte dos grãos de pedras vazios de respiração. É uníssono na demarcação que separa e une o foco de luz.
- Procura a próxima florada de mágicos magos de deleite.
- Só estima-se de princípios fundados no Cálice.
- Mas enamorou-se de quantos nubentes e maltrapilhos se lhe confiaram as esperanças.
- Sonha-se em todos os seus devaneios. Dia e noite divaga-se como bem do outro.
- E antes que só ama a si mesmo.
- Pois se condenou na espiral dos desejos.
- Liberto, concederá o veio do sangue – sorriu Alonso.
- A Passagem já está armada, à tua direita. Dirige-te até ela, lento e sagaz, firme e decomposto. Os primeiros raios do dia serão tão firmes que te levarão, e ao teu exército, até a consolidação do Templo. Antes que os corcéis do Carro de Apolo consintam em filtrar-se na nova forma da seqüência principal da Nave, te avistarão os olhos da Águia. De seu galho de prata, te sustentará na lucidez e nos brios, armando ao redor do plano da nova vida o sopro de éter e água do manancial de teus sonhos.
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