terça-feira, 26 de junho de 2012

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Da simbiose imperfeita


Nada ao que digo. Parece não lhe fazer sentido. Por isso boia, inconstante: o desejo de aproximação e de repulsa simultâneos. Assim mantemos a distância segura dos indecisos, subjugando-nos aos caminhos escusos das presas em potencial, ou ao olhar aguçado da ave de rapina – a perscrutar do cimo – quando, em verdade, tudo o que subsiste é o amor e a entrega. A vida não volta. Ela passa rente às retinas, numa sucessão rápida de imagens difíceis de apreender. É porque não mergulhamos o suficiente além da superfície para compreendermos da essência. Ela pulsa submersa, latente nas ideias, que ficam a especular sobre aquilo que não foi, sobre o que poderia ter sido ou mesmo sobre o devir. Mas somente quando tivermos firmeza e segurança de sermos nós mesmos, sintonizados à frequência do sentimento mais profundo, da verdade interior de cada criatura, seremos verdadeiros heróis na aventura do viver.

   

pois caga

e come desses dejetos servidos aos brasileiros

mastiga bem

para a boa digestão

para não ferir a camada de ozônio

para um processo com certificado verde

para a estética saudável ao maximizar toda uma vida de bosta

e engole sem fazer a cara feia

sorrindo para a câmera da tv

a história sempre foi (sempre será)

escrita pelos demônios que se vestem de branco

na expansão inconsequente do vazio

– espaços ermos

  

ou então:

vá para o campo de batalha

se para isso lhe forem caros

os dentes

  

  


  

2 comentários

andre albuquerque

Jorge: excelente, um poema - catarse , diria um outro poeta "...um breve de luxúria nos escalões da Cúria..." (Paulo Mendes Campos)

Jorge Xerxes

Andre,

Agradeço imensamente pela Sua Atenção e pelo Comentário deixado.

É gratificante saber que Você leu e gostou. E isso motiva a seguir adiante...

Um Grande Abraço, Amigo, Jorge