As
impressões são espólios do domínio da realidade a impingirem marcas às faces.
Mesmo estas hão de se curvarem ante o escoar do tempo. Por isso, ama enquanto a
vida te habita. O tempo – vento de grãos – a polir laboriosa e
ininterruptamente a realidade da rocha. Assim: as faces transformar-se-ão em cadáveres,
e a carne vincada (macerada) servirá de nutriente aos vermes; pois operam
através de percepções concomitantes ao fluxo, as impressões. Não há maquilagem,
silicone ou antioxidante que dê jeito. Da realidade última nada, ninguém escapa.
Sã e salva é a criatura dedicada a uma estranha transcendência daquilo que é
árvore. Da essência dela, extraído o tronco, trabalhado em abrigo ao corpo.
Pensa no féretro como veículo para o corpo de além-vida. Tão somente isso. Pensa,
a realidade é o que fica: daqui nada se leva. O amor distribuído em vida será a
realidade dum sorriso; o ressentimento e o recato, gargalhada bizarra na boca
do infinito.
Photography by
Joanne Wells: ‘Bonaventure Cemetery with
Moss Draped Oak, Dogwoods and Azaleas’, Savannah, Georgia, USA.
1 Comentário
Jorge: belíssima reflexão sobre a vida e o viver .Remeteu - me a Krishnamurti pela capacidade persuasiva. Parabéns,André
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