quarta-feira, 15 de agosto de 2012

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MOMENTO DE DEFINIÇÃO: Colecionar Fotos

Chamo momento de definição quando sei para que e por quanto tempo desejo colecionar algo ou alguma coisa. O meu momento de definição ocorreu pelo meu encantamento por fotografias antigas. Olho e sei; olho e decido. Não me arrependo da escolha, adoro! Pedro Du Bois expressa,“O retratista / conserva / o foco / de fotografia / no instante / do flash // depois o negativo.” Fotografias são como relatos de sombra e coragem, que ainda vivem e revelam a fabulosa história da vida. Busco por fotos antigas onde me deparo com provas contundentes para entender o mundo em que as pessoas viveram. Colecionar fotos antigas acorda os sentidos de tal forma que me sinto passeando no tempo pelas lembranças. O que é visível se torna tátil, de maneira que o tocar a fotografia me aguça os sentidos. E como o toque é próprio, toma dimensão diferente, como se estivesse a tocar as lembranças. Há a sensação nova em olhar com as mãos e reavivar descobertas que só o tempo pode mostrar. Acompanhar os personagens das fotografias torna o momento em único, num dia especial. Compreender as fotos pelos sentidos é redescobrir a maneira de poder ser e de reviver o momento em que elas me olham e tocam o coração. Como expõe o poeta Artemio Zanon, “Fotografia / da distante infância / me vejo tão útil, / ansiada esperança.” Em algumas fotografias apenas passo os olhos, como se estivesse olhando pelo vão da porta, onde a luz escapa e temo entrar. Fico imaginando o fato ocorrido e, por vezes, não tenho coragem de reencontrá-lo naquela imagem. Nesse momento, através de flash de memória, conto histórias através dos sentidos e, ao viver as palavras com sabor e toque, me entrego à realidade, assim como descreve Pedro Du Bois, em seu poema, “Confisco imagens / em relembranças / descoloridas: onde deixei / o tempo fotografado / em imensidões ampliadas / de saudades.” As fotos mostram a história ambientada, envolvente, em épocas mais diversas. Elas trazem perguntas e respostas sobre vários aspectos, situações e fatos. Olho, toco e vejo os segredos. Sinto que tais sensações e informações sobre cada uma faz com que eu desfrute ao máximo da coleção. O momento de definição é escolher a fotografia, depois, juntá-la à coleção, onde se misturam tempos e lembranças, dando significância à minha vida: toco as fotos com os olhos e as olho com os sentidos. Quando a vida depende de segredos guardados em cada flash, torna-se uma aventura tocar a foto, com simplicidade, para colocá-la no álbum, porque vêm à tona fragmentos da sua história, dando voz ou se misturando com a minha história.

2 comentários

Jorge Xerxes

Tânia,

Gostei Muito de Sua Crônica!

Destaco os seguintes trechos:

“Chamo momento de definição quando sei para que e por quanto tempo desejo colecionar algo ou alguma coisa. O meu momento de definição ocorreu pelo meu encantamento por fotografias antigas. Olho e sei; olho e decido.”

“O momento de definição é escolher a fotografia, depois, juntá-la à coleção, onde se misturam tempos e lembranças, dando significância à minha vida: toco as fotos com os olhos e as olho com os sentidos.”

Um Beijo! Jorge

Tânia Du Bois

Amigo Xerxes,

obrigada pelo comentário, vindo de você é muito importante para mim.
Abraços,
Tânia.