quarta-feira, 12 de setembro de 2012

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Ganhou, Morreu!


Quando ele soube que o crânio matava quem o recebia de presente, não pensou duas vezes: era a sua oportunidade!
Certificou-se com o vendedor sobre a eficácia do negócio: 
— Não falha! — apressou-se o homem em garantir a qualidade do seu produto. — Ganhou, morreu! Eu comprei essa peça, assim como o senhor vai fazer agora. Não corremos risco, portanto. Coitado é de quem ganhar...
Coitada. Era chegada a hora de despachá-la desta para melhor. Mandá-la de volta ao inferno, que era de onde jamais deveria ter saído. 
Ele saiu da loja, feliz — com o crânio maldito cuidadosamente acondicionado numa caixa de veludo negro.
 
***

— Presentinho! — ele disse, os olhos brilhando de estranha satisfação. 
A mulher abriu a caixa e conferiu o conteúdo. Bonito crânio, cristal fino — mas um presente de extremo mau gosto. 
— Obrigada — ela respondeu. — Horrível.
Ele não ouviu as palavras da mulher. O serviço estava feito. 

***

Ela já conhecia a história daquela peça. E suspeitava também das intenções do homem. Precisava agir rápido, portanto, antes que a maldição a atingisse. 
— Tenho um presente para você — o menino recebeu a caixa e sorriu. — Mas esse é um segredo nosso. Não conte para o seu pai que eu te dei.

***

Uma semana depois de ter dado o presente à mulher, ele voltou à loja para reclamar. 
— O crânio funciona, sim! — protestou o vendedor, indignado. — Só é preciso esperar. 
O homem voltou para casa, apreensivo. Sua mulher era astuta — do que seria capaz?
— Cheguei — disse ele ao abrir a porta. O silêncio foi a resposta. 
Seguro de que a maldição tinha funcionado, ele subiu até o seu quarto. Ao contrário do que esperava, não encontrou o corpo da mulher na cama — encontrou apenas um bilhete:

Seu filho adorou muito o presente que lhe dei. Pena que não tenha tido tempo para curtir o que ganhou. 

O homem pensou em gritar, mas não tinha mais voz. Não tinha mais nada, afinal. 

1 Comentário

Márcia Sanchez Luz

Parreira, sempre me divirto muito com seus textos repletos de humor.
Aproveito para agradecer sua visita e a gentileza de suas palavras.

Abraços

Márcia