terça-feira, 27 de novembro de 2012

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AVOADA

AVOADA
® Lílian Maial
 
 
 
O pássaro que me habita bate asas ao contrário,
sobe pelas paredes,
desperta no meio da noite,
molha o bico nas luzes da rua.
 
Brinca de voar debaixo d’água,
no chuveiro,
e canta...
 
O pássaro que tem meu nome é um bicho estranho,
ele se vê no meio do furacão
e se afasta, sem pudor.
Foge, na verdade.
 
Tem medo de escuro, de gente,
tem medo de leis e dos homens,
pássaro covarde
ou, simplesmente, só.
 
O pássaro que mora em mim queria ser imortal,
mas suas asas pesam, em dias de chuva,
e derretem, em dias de sol.
 
Passarinho sem vergonha,
volta e meia se finge de morto,
apaga a canção e cerra os olhos,
até que eu me abra a gaiola.
 
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1 Comentário

Márcio Ibiapina

Ainda bem que aos pássaro interior se permite esse voar, libertador de belas poesias.
Lindo poema!
Abraço,
Márcio