A tarde de sol se apresentava
generosa naquele feriado de Finados. Aliás, nem parecia sexta-feira, muito
menos o dia consagrado aos mortos. A vida pulsava em cada espaço, em cada
molécula, vibrante e com um largo sorriso.
Tão quente e acolhedora era a tarde, que as
pessoas saíram de suas tocas, ávidas por um passeio, um sorvete, café, ou
cerveja... Um típico dia de Primavera, em que o verde se torna mais verde e as
flores, mais coloridas e cheirosas.
O Centro fervilhava! Também não era para
menos, com a divulgação de livros para as mais diversas destinações a preços
mais acessíveis. Os balaios de ofertas eram garimpados avidamente e as obras
eram disputadas como joias raras.
Uma imensa área foi destinada aos estandes, distribuídos
em quadras inteiras. Tudo foi meticulosamente planejado para atender as
expectativas do eclético público e contemplar todos os gêneros literários.
Corredores e mais corredores, cobertos por extensas
lonas, atraiam as mais variadas tribos – professores, alunos, intelectuais ou
pseudo-intelectuais, profissionais liberais, artistas, desempregados, desocupados,
azaradores de plantão... Enfim, um caldeirão em plena praça pública! Todos
circulando de lá para cá e de cá para lá, ininterruptamente...
Alguns trocavam ideias sobre autores, enquanto
outros ouviam atentamente os autores durante o lançamento de seus livros. Isso
sem falar nas atrações culturais paralelas, como exposições, debates, exibição
de “cult movies”, performances e intervenções artísticas.
Enquanto caminho fascinada por entre os
estandes, querendo comprar bem mais do que o meu bolso permitia, uma onda de
nostalgia toma conta de mim ao ver as crianças no parquinho que um dia também
frequentei. Os monumentos históricos, belos e solenes, continuam ali. Sento no
banco onde estão as estátuas de metal em homenagem a Mário Quintana e Carlos
Drummond de Andrade e uma emoção indescritível me arrebata. Vivenciar a 58ª
Feira do Livro de Porto Alegre, na Praça da Alfândega, definitivamente mexeu
comigo!
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