quarta-feira, 21 de novembro de 2012

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LUNA 8 -- JANDIRA ZANCHI




O CARRO DO SOL  -  LUNA 

8.


        A noite formou-se mais intensa no seu azul negrito, um verde de vegetação e manha circundando a floresta. Suspirava alguma vibração de vida ainda que prenhe da robustez da plena ausência. Menores e elegantes em suas copas abertas, ao longe a orquestra das árvores seria temida. Estava escrito em cada item desse círculo a ausência de involução, embora do sinistro e da altivez da densidade se formasse.

     Em algum momento o vento começou um canto decidido no cárcere da floresta.  Mona reconheceu o jardim em volta do Mosteiro, em algum ponto pouco acessível. Passou a mover-se com pouco esforço, embora a garganta  turva, o corpo golpeando a vontade como um cutelo. Eram imprecisas as mensagens e as águas da memória. Por momentos não esteve em si.

      Era cor de cinza a alma daquelas brumas. Mona jurou que nelas poderia deitar-se em um sono fresco e enriquecido. Não haveria a esperança ou desejo de manhãs vibrantes e nem de consolos.  Apenas aquele fio brilhante em torno do azul escuro. Mas, não era o momento. Antes, era uma acolhida, ainda na casa do tutor, de uma mansidão antiga que reconhecia como situada para além do local físico e do seu conhecimento. Foi breve o reconhecimento. A moça percebeu que o cordão era mais amplo, movendo-se com a plasticidade de um corpo adimensional e que saberia ergue-la quando fosse necessário.

 

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