O CARRO DO SOL - LUNA
8.
A noite formou-se mais intensa
no seu azul negrito, um verde de vegetação e manha circundando a floresta.
Suspirava alguma vibração de vida ainda que prenhe da robustez da plena
ausência. Menores e elegantes em suas copas abertas, ao longe a orquestra das
árvores seria temida. Estava escrito em cada item desse círculo a ausência de
involução, embora do sinistro e da altivez da densidade se formasse.
Em algum momento o vento começou um canto decidido no cárcere da
floresta. Mona reconheceu o jardim em
volta do Mosteiro, em algum ponto pouco acessível. Passou a mover-se com pouco
esforço, embora a garganta turva, o
corpo golpeando a vontade como um cutelo. Eram imprecisas as mensagens e as
águas da memória. Por momentos não esteve em si.
Era cor de cinza a alma daquelas brumas. Mona jurou que nelas poderia
deitar-se em um sono fresco e enriquecido. Não haveria a esperança ou desejo de
manhãs vibrantes e nem de consolos. Apenas
aquele fio brilhante em torno do azul escuro. Mas, não era o momento. Antes,
era uma acolhida, ainda na casa do tutor, de uma mansidão antiga que reconhecia
como situada para além do local físico e do seu conhecimento. Foi breve o
reconhecimento. A moça percebeu que o cordão era mais amplo, movendo-se com a
plasticidade de um corpo adimensional e que saberia ergue-la quando fosse
necessário.
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