quinta-feira, 22 de novembro de 2012

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VERSO PENDURADO

 
VERSO PENDURADO
®Lílian Maial
 
 
 
 


Há um verso pendurado na borda da boca,
Sem vontade de hoje.
Um corpo abandonado, pele opaca e seca,
Retirante absurda de chão de só.

Bailarina sobre o fio da lâmina,
O medo de olhos vendados,
Sem sombrinha,
Abismos de nada ao redor do vazio.

Peito oco, fenestrados amanheceres,
Inconsistentes madrugadas.
Não te vejo, não me sinto,
Não nos entendo.


Corrosiva dor que não dói,
Ferida que não sangra,
Sombra que não me acompanha.
Preciso saltar.
Nem sei onde estou.

Não encontro – e nem procuro - teus olhos de macho.
Não há porta, nem sinal.
Longo e torturante corredor sem movimento.
Cansada e tonta da viagem sem bagagem,
Ombros pesados de escuro.

Há uma tênue esperança de dor,
Grito abafado e delicado,
Absoluta ausência de febre.

Não quero essa alameda beirando a morte!
Não sem cor, sem cheiro de sangue!
É hora da chaga margeando o desejo,
Cheiro sulfúrico inebriando o membro,
Vontade de prazer e sofrimento!

O verso foge,
O poema esfria,
E te vais em teu caminho,
Numa solidão de nós.
E eu, cega, sigo
Tateando lembranças.

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