Se vivêssemos em um país onde o uso
de armas de fogo fosse legalizado, como será que nos sentiríamos? A insegurança
causada pelo fato do outro possuir algo que pudesse atingir a sua liberdade
enquanto indivíduo nos rondaria constantemente.
Pois bem, embora sem armas letais
transitando pelas ruas, o acesso a bens sem o mínimo de educação para
manuseá-los aflige os cidadãos paulistanos. Não é raro entrar num transporte
público e ser incomodado por músicas emitidas por celulares e caixinhas de som,
seus proprietários, os quais não utilizam fones de ouvido caridosamente, apenas
para compartilharem seus gostos musicais, decoram a paisagem sonora com sons
que vão do famigerado funk ao gospel.
A sensação de estar presenciando um
surto esquizofrênico é sempre convidada do cotidiano. Brigas entre namorados,
ex-cônjuges, o pai que não pagou a pensão alimentícia, namoros.
O pior é que você por curiosidade
olha pro lado a procura da dupla que possa está vivenciando tais situações e só
encontra um ser, depois percebe que o cidadão está com um fone no ouvido, o
mesmo esquecido no momento de ouvir música.
Os carros, troféus desejados pelos
jovens, tornaram-se armas letais, mas também o cidadão trabalha a semana
inteira, no final de semana, ele tem direito de dirigir em alta velocidade para
se curar do estresse, você não acha? Aqueles que andam pelas ruas não têm
direito a reclamar, afinal, não possuem um veículo, logo não são cidadãos.
Se há 15 anos o sonho de uma criança
ou de alguns adolescentes era ter uma bicicleta, hoje este desejo foi
otimizado, o objeto desejado agora é uma motocicleta, o problema é que aqueles
que desejam, continuam sendo imaturos, conduzindo o veículo como quem guia a
velha magrela, esquecendo dos quilômetros de velocidade a mais sobre os quais
agora são responsáveis ou não.
A chave do acesso já chegou. só nos
resta encontrar a fechadura da porta que guarda cidadania, fraternidade e
principalmente alteridade.
1 Comentário
Concordo com tudo o que escreveu, Fernando. Já conhecia de outros tempos sua prosa de ficção exata, bom conhecer acesso agora aos teus artigos de opinião. Lembrou-me a conversa que tivemos no dia do lançamento do Assim você me mata.
Parabéns pelo texto,
Abração,
Daniel Lopes
Postar um comentário