quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

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BENS OU ARMAS?



Se vivêssemos em um país onde o uso de armas de fogo fosse legalizado, como será que nos sentiríamos? A insegurança causada pelo fato do outro possuir algo que pudesse atingir a sua liberdade enquanto indivíduo nos rondaria constantemente.
Pois bem, embora sem armas letais transitando pelas ruas, o acesso a bens sem o mínimo de educação para manuseá-los aflige os cidadãos paulistanos. Não é raro entrar num transporte público e ser incomodado por músicas emitidas por celulares e caixinhas de som, seus proprietários, os quais não utilizam fones de ouvido caridosamente, apenas para compartilharem seus gostos musicais, decoram a paisagem sonora com sons que vão do famigerado funk ao gospel.
A sensação de estar presenciando um surto esquizofrênico é sempre convidada do cotidiano. Brigas entre namorados, ex-cônjuges, o pai que não pagou a pensão alimentícia, namoros.
O pior é que você por curiosidade olha pro lado a procura da dupla que possa está vivenciando tais situações e só encontra um ser, depois percebe que o cidadão está com um fone no ouvido, o mesmo esquecido no momento de ouvir música.
Os carros, troféus desejados pelos jovens, tornaram-se armas letais, mas também o cidadão trabalha a semana inteira, no final de semana, ele tem direito de dirigir em alta velocidade para se curar do estresse, você não acha? Aqueles que andam pelas ruas não têm direito a reclamar, afinal, não possuem um veículo, logo não são cidadãos.
Se há 15 anos o sonho de uma criança ou de alguns adolescentes era ter uma bicicleta, hoje este desejo foi otimizado, o objeto desejado agora é uma motocicleta, o problema é que aqueles que desejam, continuam sendo imaturos, conduzindo o veículo como quem guia a velha magrela, esquecendo dos quilômetros de velocidade a mais sobre os quais agora são responsáveis ou não.
A chave do acesso já chegou. só nos resta encontrar a fechadura da porta que guarda cidadania, fraternidade e principalmente alteridade. 


1 Comentário

Anônimo

Concordo com tudo o que escreveu, Fernando. Já conhecia de outros tempos sua prosa de ficção exata, bom conhecer acesso agora aos teus artigos de opinião. Lembrou-me a conversa que tivemos no dia do lançamento do Assim você me mata.
Parabéns pelo texto,
Abração,
Daniel Lopes