Fiquei
sabendo do assalto ao banco que eu trabalhava pelos jornais. Esses jornais me
eram trazidos todos os dias no cativeiro improvisado em que me encontrava. Explicaram-me que era necessária essa
precaução, de me conservar escondida, porque os bandidos acreditavam que eu
havia morrido na explosão do porão de minha casa. Essa explosão foi causada por
uma bomba colocada lá por Rafael, que continuava se passando por um deles. Só
Deus sabia até quando.
Os
jornais diziam que fora encontrado um corpo carbonizado no porão explodido, e
acreditava-se que seria da proprietária da casa. O marido inconsolável, dissera
que estava em viagem na ocasião do ocorrido. Mentiroso. Acreditava-se viúvo e
dono de minha casa, agora que eu estava “morta”. Bandido sujo.
–
Como a polícia vai provar que era eu lá, se eu estou aqui bem vivinha? – perguntei
à moça que me levava comida, roupas limpas, jornais e tudo o mais que lhe
pedia.
–
Não se preocupe. Para os Federais nada é impossível. Esses bandidos não sabem
com quem estão lidando.
–
Disso eu sabia. Tinha a máxima confiança nos Federais, como dizia a moça. São
homens bem treinados, inteligentes, fortes e destemidos. Só espero que nada
aconteça ao Rafael. Por algum motivo havia simpatizado com ele. Nos dias em que
trabalhou na empresa foi sempre muito simpático. Só por alguns momentos
desconfiei dele lá no porão de minha casa. Mas agora sei que é corajoso o
suficiente para entrar em um covil de facínoras.
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