quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

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Prece ao Vento

A infalibilidade além dos meus domínios


Alguma coisa sobre a decrepitude

O erro e a fraqueza humanos

Fosso onde hei de habitar

Por detrás do manto de sisudo esquecimento

Sem espaço para a dúvida irresoluta

As tentativas vãs

Ou o acaso fortuito

Desaparecerei sem restar sombra

Quando o sol se for

Na penumbra dos dias

Entre devaneios e sonhos bestas

Carregarei o vazio imenso

Este sim o meu legado

Livre e leve ao vagar

Rastejarei, caminharei, correrei

Andarei e arrastar-me-ei novamente

Por tão pouco

Sina de criatura amorfa

Semeadora de morte

Às valas de pretenso cultivo

Os órgãos despedaçados por ilusões tolas

Vento da manhã

Peço apenas que lance ao mar minhas cinzas

Esse devorador de intenções salobras

Sejam elas boas ou más

Que eu possa ao menos

Descansar em paz

2 comentários

andre albuquerque

A finitude e uma bela maneira de canta-la e vive-la, na " divina ocasião das nossas cinzas ".Parabéns,meu amigo.

Jorge Xerxes

André,

Grato pela Sua Percepção!

Vez por outra exercito a tentativa de transformação da constrição em poesia. Os versos machucam menos que o sentimento em estado bruto.

Um Forte Abraço, Jorge