sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

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Enganos da Vida - Capítulo VIII


Não tinha muita coisa para fazer em minha cela improvisada, além de ler, ver TV e pensar. Então, percebi que estava pensando muito em Rafael. Porte atlético. Tinha que ser, era um Federal. Moreno claro. Cabelos castanhos lisos cortados bem curtos. Ficava-lhe bem. Os olhos? Como eram mesmo? Não prestei atenção. Andava ocupadíssima no projeto que meu marido roubou naquela madrugada, quando me assustei com ele andando pela casa sem me avisar que havia chegado. Chegado de onde? Vai ver nem tinha viajado o infame. Bem, o meu trabalho, ele me convenceu que por certo eu o teria deixado na empresa. Na mesma noite daquele dia, achei o documento entre meus papéis na escrivaninha de meu escritório, em casa. Agora percebo que, após tirar uma cópia, ele deve ter colocado de volta no lugar, de maneira que eu o encontrasse. O cara era um safado. Enganou-me direitinho. Agora entendi porque Alice, minha amiga na casa de quem conheci o Fábio, me disse no dia em que comunicamos que iríamos nos casar.
Estávamos na cozinha de minha casa, terminando os preparativos do jantar quando ela falou:
  Luciana, você tem certeza do que vão fazer? Quer dizer, casar?
– É claro! Fábio é um perfeito cavalheiro. Gentil, atencioso, e tenho certeza que me ama.
– E você o ama o suficiente para entregar sua vida a uma pessoa que mal conhece?
– Deus, Alice! – disse indignada – Faz quatro meses que namoramos, já deu para nos conhecermos bem, não acha?
– Você é quem sabe. Mas olha, não diga que não avisei. Jonas acha que embora ele tenha sido apresentado por alguém que conhecemos bem, ele tem atitudes estranhas.
– Falando mal dos homens? – disse Jonas, marido de Alice, apontando a cabeça na portinhola que dava acesso aos pratos da cozinha para a sala de jantar.
– Nada! Estamos falando do casamento. Alice acha que não devo casar – e ri gostoso de minhas próprias palavras. Os dois ficaram sérios.
– Então! Esse jantar sai ou não? – perguntou Fábio por detrás de Jonas.
– Estamos indo! Vamos colocando os pratos aqui no aparador e vocês dois levam para a mesa, ok? – disse Alice encerrando a conversa.
Eles previam alguma coisa, que, eu, apaixonada, não estava interessada em ver.

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