Dedico
essas linhas a todos as pessoas estáveis do mundo. Todos aqueles que optaram
pelo caminho tido como seguro. Os que abriram mão dos seus sonhos em nome da
tal estabilidade. Todos os que tiveram coragem de seguir suas covardias. Os
sensatos, os responsáveis, os seguramente pequenos. Essas linhas, dedico aos
que já sabem que horas vão dormir e que horas vão acordar pelo resto de suas
vidas. Vidas? São essas as pessoas que mantém o mundo girando - lento assim -,
com seus carimbos e suas testas franzidas. Gente que abriu mão de vocações
sinceras, pianistas excelentes, exímios pintores, bailarinos, artistas
plásticos, todos devida e perpetuamente assalariados das nossas repartições
públicas. Gente que topou estudar para emburrecer, para decorar frases feitas,
para calar a própria dignidade. Pais e mães de família que preferiram fingir
não ter escolha, que preferiram se garantir. Gente responsável, que dorme de
meia e não apanha friagem. Pessoas cuja felicidade, de tão pequena, cabe na
carteira e em frascos de remédio. Um povo que desperdiça os domingos em
carteiras escolares, todos na ânsia de mamar também das tetas dessa vaca morta
que chamamos pátria. Todos aqueles que estão tranqüilos por terem feito sua
parte. Dedico essas linhas a todos vocês... Enforquem-se!
2 comentários
Um verdadeiro soco no estômago dos que levam a vida como autômatos e vivem por viver ao abrirem mão dos próprios sonhos. Amei! PARABÉNS!
Eduardo,
Ótimo Texto e Desabafo: Sincero.
Grande Abraço,
Jorge
Postar um comentário