O CARRO DO SOL
3.
As profusões das dilatações da Guerreira
eram visões encarceradas e soltas ao compasso das armas. Acássio, aquartelado
no altar da beleza e da altivez, resplandecia por entregar-se com pompa e
solicitude, seguro e satisfeito da generosidade dos frutos. Erguera-se até a
amplitude da seqüência principal e, dali irradiava, sem vacilo e indagações de
floreios.
Mona
dobrava os joelhos para a beleza dele. Preparava-se para se tornar pupila do
belo, assumida e reverente nesse vislumbrar da imponência da superfície do
astro.
-
No altar de Apolo o deus conduz o princípio da
irradiação por onde desliza a órbita do astro divino – rezou a moça.
- A
Guerreira, na poeta, colocou-se ao pé do centro de força, por onde o núcleo
amortece a pulsão para o vôo da luz –
lisonjeou-a o jovem.
- Humano e
divino, vaidade e espírito, físico e abstração, vontade e consentimento.
E Mona deixou-se girar por um tempo extenuado
e esquecido, embevecida dos cachos dourados, dos translúcidos olhos azuis, do
corpo torneado de ouro e elegância, deslumbrando-se do fato que se fazia
conseqüência e, desnudo, armava o altar para além da ilusão.
- O que a
deus da beleza e da serenidade pode desejar ao ir de encontro com a fusão
vibratória das múltiplas freqüências da sensibilidade?
-
As expedições de tua alma serão o mel do meu corpo.
- Pois
então se propõem às vertigens da terra cuspida por cima da larva, extasiada do
canto das águas, namorada dos segredos da noite?
-
As partículas ascendem aos gases mais nobres
munidas da certeza de movimento.
- O mundo
me girou pela sua pulsão. Aportou, em meus braços, decidido a requebrar-se até
a saúde da boa qualidade.
-
É grande o mérito da Guerreira. Sempre senta à
direita do deus.
-
E sabe dirigir seus olhos aos céus. Mas, seus pés,
seus doloridos pés calejados, ainda pisam a lua.
- Você
saberá alçar o vôo.
-
Meu Mestre me desprezaria se te confessasse que é
ao sabor do teu conhecimento que aguardo o vagar da grande onda? – e estendeu
suas contas azuis e verdes no tampo de mármore.
-
Honro-me de tantos louros. Serei o guia da feiticeira da lua para enternecer-me de
suas estrelas e atirar aos arcos todo o furor da primeira ascensão.
Confluíram no mar dos ventos, pois foram
nítidas e inteiras as horas do círculo aberto. Deitaram-se na penumbra e, na
sombra do piso claro, a noite invadiu-os, respeitosa, coberta de estrelas
vermelhas, pacientes, dadivosas, afeitas aos entrelaces do Cálice de Ouro.
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário