sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

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Pequenas histórias 38

Correria. Almoço.

Correria. Almoço. Banco. Saque. É pouco uma hora de almoço. Mastiga-se às pressas em poucos segundos. Olho no relógio e outro no prato. Comida farta nem pensar. Comida de qualidade rara. Qualidade só em casa, isso quando se tem alguém para cozinhar. O sol parece que chegou para ficar. Música se esparrama pelas calçadas irregulares – que estão sendo arrumadas, só que ainda não chegaram aqui – procuram pés distraídos com a finalidade em dar uma topada. Ops! Desculpe, tropecei. E empurra a pessoa que vai a frente e, que te olha com aquele olhar parecendo que vai te comer. Comer! Nessa altura a comida que bateu no estômago, pesa boiando no guaraná ou coca ou cerveja pronta a entrar em ebulição fermentada. A mão é levada a boca reprimindo o arroto com gosto de dobradinha ou de carne assada no molho de champignon. Engole o gosto misturado na saliva e se apressa o passo, à hora é mais importante. De dois em dois, sobe-se os poucos degraus, passa-se na roleta do prédio, aperta o botão do elevador apinhado onde com um pouco de sutiliza, o imenso ou pequeno corpo se acomoda. Chega-se no andar, a porta abre e despeja a incongruente massa que se apressa a passar o cartão magnético evitando o atraso. Cansado o corpo se joga na cadeira. Os olhos olham – lógico: olho é para olhar, cretino – a telinha branca e uma ducha de depressão desabam sobre os ombros. Que merda! Ainda tenho mais cinco horas de prisão. Mas eis que o estômago reclama da comida ingerida as pressas. E corres-se ao banheiro e se fica lá mais uma meia hora de alivio matando um pouco as horas. É vida de prisioneiro da sobrevivência não tem que reclamar. Tem que aceitar o que lhe compete ser: prisioneiro.


pastorelli
 
 
ps - desde ontem não estou conseguindo colocar figura.







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