- harry shunk
Ele oscilava nessa vala fronteiriça entre o silêncio e o verbo rude que
breve eclodiria violento de sua garganta, rente àquele instante
supurado… tocava o tecido vaporoso dessa manhã com a mesma avidez de um
faminto, como que a alimentar-se dessa incursão ao inevitável, como se
isso lhe fosse tudo… as primeiras horas do dia como que a via crucis
desse corpo enfermo… despertou, por fim, com o grito que lhe sufocava o
peito. Alguém, não lembrava quem, lhe chamava pelo nome. Sim, sou eu, respondeu, mais num apelo do que outra coisa qualquer. Estou aqui, veja!,
insistiu, buscando quem quer que fosse. Ninguém. Lembrou que no
pesadelo alguém também dedilhava suave os sons cavos de seu nome,
insistente, até que tudo desembocasse no silêncio, prestes a falecer.
Caminhou até a janela, desolado. Lá fora a manhã parecia arder sem força
alguma. E ele desejou a brisa reconfortante de um finzinho de tarde…
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