quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

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O CARRO DO SOL 7 - JANDIRA ZANCHI



 
O CARRO DO SOL
7.

-      Neste reino, Acássio,  as formas e o clima estão de acordo com as leis da plenitude. Nos arcos e frestas dessas bênçãos o povo passeia suas vestes e se bendiz. Vocês sedimentaram a obra e libertaram a compreensão. Como conseguem interpretar tão bem e seduzir a matéria, até quedá-la tão reverente, harmoniosa, lúcida, racional e resplandecente no vigor de suas linhas?
-              O gesso e o metal devem ser moldados nas mesmas exigências de nossos corpos e espíritos. Não devemos separar o esplendor da mente e da alma do ambiente que devem inspirá-las. Nossos objetivos de ação devem ser corretamente expressos em nossos templos e moradas. Devemos prezar o equilíbrio e sabermos que fora dele só encontramos a dor. E quando as exigências do sacerdócio nos conduzem ao deserto podemos, através das meditações e dos labores das viagens extra-sensoriais, aclimatar a natureza, até que submissa, se conforme aos nossos passos.
-              E quem se transforma antes, o meio ou a consciência?
-       A lucidez acompanha a transformação do meio. Dionísio está presente desde o primeiro grunhido da consciência.
-      Portanto é primária a espiral da vida.
-    E munida do mais belo esplendor que se encontra nas entranhas da terra. A água, em suas fadas, sussurra toda a galanteria e sensitividade das Nascentes. Apolo e suas formas traduzem-se assim que começa o moldar da natureza pelas mãos do artista. O gênio, embebendo-se em todas as fontes, enraivece tão logo os homúnculos tentam calar os deuses. O sábio recolhe-se ao templo quando o primeiro soberano afia o gume da espada. O cientista e o lúcido procuram o laboratório para refazer e combater o canto da serpente. Quando se assentam sobre as manhas da matéria, anunciam o quietar da larva. E, de mãos dadas, todos os deuses do solo se levantam para o sonho da mente e da alma.
-      A Era Dourada...
-      Sim, minha princesa, a consciência do meio, batida e rebatida, estanca o furor de suas ventas.
-      E verteremos amarelo e branco para acompanhar o sonho que não se necessita histórico ou guerreiro para entoar o cântico.


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