quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

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O CARRO DO SOL 8 - JANDIRA ZANCHI






O CARRO DO SOL

8.



     Sorria a loura laje do Templo de Apolo nas armações do Sol. As cores do piso refletiam seus matizes de rosa e lilás, parecendo afirmar a diversidade do espectro da luz. Mona dançava, sem sofreguidão, as amplidões que não se definiam, mas, as sombras da noite ainda faziam perguntas na alma da bela morena.
-      O segundo caminho...
-      Pois bem, a branca semente estendida para o pouso de seus colhedores.
-    Por que os seus mantos não conseguiram fazer o ajuste?
-      Apenas suspenderam e esfriaram a extorsão.
-              E conviveram lado a lado, corpo a corpo, face a face, quase conjugados, em um o espelho do outro.
-              As águas alternam-se e são desprovidas de linearidade em seu círculo. Quando se aprofundam no fosso fazem abrir a larva do centro.
-              Agora que me encaminho para além de meu ponto de força, questiono a forma que se forma em igual forma dos que trazem todo o peso frente a frente com aqueles levitados ao contorno do rio... Por que não se desmerecem, se um é tão mal proporcionado para o outro? É necessário que em cadeia se procriem, entrecruzados, todos no mesmo espaço de tempo?
-              A densidade acaba por subir à tona e desvaler seus espectros vermelhos.
-               Perde-se o controle do núcleo no vazamento da entropia e, as ondas vermelhas de frio já não impedem que se alastre o poder negro da força centrípeta.
-      É necessária a correta utilização da energia e o bom ajuste da forma, pois a estrela só deriva nas faixas de amarelo. Mas, enfim, é crível que você suponha causas morais para os desarranjos do solo? Mona é tida, pelos sacerdotes da Ascensão, como filha e produto da ação.
-      E, para bem nutri-la nos novos tempos, preciso assegurar-me da correta utilização daquele meio e de outro fim. Se me permite observar, meu anjo, os melhores humanos nem sempre vibram nas faixas de ouro, e alguns são excessivos nas vertigens e visões, esparramando-se azuis e atônitos no espírito.
-              E outros, irradiando comedimento, vermelhos e santos, estendem para o povo a teia da sensitividade e compaixão. A nave se assumirá como melhor lhe condizer, pois o seu atrator é, de a muito, veste inserida em seus corpos superiores.
-              O Carro do Apolo Dourado apenas conduzira os discípulos para o altar de direito.
-      Mas, podem os arcos se deitarem ao pé de suaves nascentes.
-              O que me embaraça nesse novo patamar é que já se desvanecem os contornos de muitas de minhas certezas.
-              Talvez fossem apenas condições iniciais, formadas a partir de um cálice não totalmente provido.
-              São os primeiros acorde que fazem a sinfonia. Sempre fui fechada em brumas, com alguns humores, ainda que a superfície, um tanto ácidos.  Agora, abre-se um mundo mais tênue e firme do que aquele que conhecia.
-      Portanto você está em transformação e não pode inaugurar-se antes do tempo.
-              E, para se chegar à ação, não se  vestem bem as dúvidas do poeta e nem a dialética do professor.
-      Porém, para ser a forma do fato, aquela que inspira e traduz a insígnia do Arquétipo da Água, Mona deve primeiro dedicar-se à metafísica da mente espalmada no alvo das variações da vida, conformando ao sistema todas as suas prendas.
-      Perfazer o longo do rio nem sempre é dimensionar-lhe o leito.
-              As dúvidas se abrandam à medida que o corpo pousa no novo cálice.
-              Você acredita que é melhor não transfigurar As sombras que ainda permanecem no vale. Para fugir dos nódulos, que afrontam o bom espírito, posso entreter-me no ocaso das medições de freqüência da luz. Todavia, quando um novo caminho se anuncia, não o faz para espantar ou diminuir as outras  boas apreensões da dança. Seu principal objetivo, feitas as muitas contas, pode ser apenas o da linearização.
-              Se tão bem o sabe, nada mais preciso dizer-lhe. Acompanhemos o atrator, ele terminará por completar a sua órbita.

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