quarta-feira, 6 de março de 2013

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O CARRO DO SOL 11 - JANDIRAZANCHI




O CARRO DO SOL
11.

         Mona e Alado debruçavam-se sobre o terraço. No horizonte, o deserto e seu movimento, no palácio, o convés de onde se observava o ritmo das ondas
- Essa a marcha que nos convém – disse Alado.
- Aproximada de certezas, agradecida de evidências.
- De braço com a forma, abraçada com a profusão.
- Sentamo-nos no apogeu. Que seja longo e de muito gosto.
- É importante estender esse fio, flexível, por sobre culturas e diversidades. Entrelaçando-se, nada lhes faltará. Haverá o tempo da unicidade, essa outra que não sabemos prever, talvez desejar.
- É prazeroso participar do avanço, da transformação. Libertamos a nós mesmos quando aceitamos construir novos tempos.
- Muitos temem o sucesso de seus projetos, a concretização de suas visagens, pois não querem vê-los escorrer de seus dedos após sentirem na palma da mão o concreto da felicidade.
- Não querem oferecer nada a ninguém.
- Muito menos conhecer os sucessores de seu trono.
- Vida, trabalho e prazer. Não é preciso quantificar-se, espremer-se na contagem dos bons e maus momentos. Deixar que a vida escorra, aceita-la, mas lutar por aquilo que você julga o melhor.
- Mudamos...
- Nossos conceitos e desejos também.
- Desejos? O que são? Angústias? Insatisfações?
- Talvez apenas aspirações, quem sabe paixões, amores.
- Paixões... nem sempre louváveis, mas, talvez impossível evitá-las.
 – É possível viver sem elas?
- Equilíbrio ou depressão, na ausência desse fogo, desse consumo...
- Talvez lucidez, paz, consentimento.
- E até aonde podemos consentir, quais verdades sempre teremos que mascarar?
- Depende da cultura e de seu ritmo. Tentamos olhar de uma certa distancia para nós mesmos, até podemos construir modelos em que somos apenas um dado, um componente de um gráfico. 
- Limitados...
- Ou infinitos...
- Humanos, consciência, individualismo.
- Dor, ação, entrega.
- Esquecimento.
- Não se pode, entretanto, evitar o conhecimento.
- Precisamos dos dados do nosso corpo e cérebro, do universo.
- E ainda a magia...
- O desconhecido.
- Por quanto tempo?
- Só cruzando o túnel do tempo.
- De olhos fechados
- ou abertos
- Já fomos programados.
- Sendo assim não há o que temer.
- o infinito inconsciente da vida sabe.
- E fez. É seguir sua linha, alçar-se à planície e viajar no carro do Sol.


2 comentários

João Poeta

LI, mas preciso reler, devido ao grande número de verdades que este texto encerra. Um texto que mexeu com a minha cabeça. É muito conteúdo para uma página só, ao contrário do que tenho visto: "muito trovão e pouco chuva".
Parabéns à autora.
João

Jandira Zanchi

Obrigada, Joãom esse é o último capítulo do texto que venho publicando na revista. A gente sempre está revisando o que escreve e um comentário como o teu é muito gratificante. Abraço.