sexta-feira, 5 de abril de 2013

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CIÚME

Junto à porta trancada
          a passagem estanca o corpo

vendados olhos buscam o refeito
espírito espreitado em horas

não é comigo que o mito está
desde outros tempos: o colorido
da tela demonstra a esteira
em andamento. Passos fingem
trajetos e os lados se repetem
em paredes altas.

Ciúmes: a voz elevada na discussão
              da guerra em armas disparadas
              tal música aos ouvidos roucos
              tantos os versos combinados
              no calendário que aponta o dia
              em que a mão repete o refrão

porque do solo o frescor da água seca
a roupa dependurada no varal

              espera a mão que a colha
              na certeza do crime
                   e os passos rápidos repetem
                   o trajeto: seguem os olhos
                   até onde não olha desperto.

(Pedro Du Bois, inédito)

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