para falar a verdade eu
só recito e não me lembro de quase mais nada do que era bom
e, mais ainda, discordo de que o bom fosse de
fato um fato
são nuvens de memória olvidos de
história
recriações subjetivas de
passatempos sociais?
afinal tudo era sempre
eu mesma.
aí entrei em um pique
de me resolver
de me esclarecer
e fui expulsando
reintegrando
premonições fantasias
visões
saindo do ar do sério
do concreto
até me dar conta que
entrementes
entrelaçada
arquitetada estava no
objetivo
emergente dialético
fosforescente e...
existe o bem e o mal e
como uma alma de flores
em estrelas poemas
equações
contornei uma roseira
no bem, mas, não, antes, todavia,
sou sempre eu mesma,
eu, eu, eu,
ninguém acreditaria
manhã dia ou noite ou
bem tarde
é sempre aquela mesma
pessoa
no espelho a mesma cara
empalidecendo
nas olheiras e cansaços
na rua ante uns seres
parecidos ou esquisitos
que correm e requebram
seriedades ou infinitudes
que devem entornar-se
em meia dúzia de gestos
eu dilato e percebo
algum universo
somos resolvidos em unidades e isso
me incomoda tanto
afinal, pensar não
deixou de me tornar
a mesma figura eternamente figurando por aí
esse arauto – Lúcifer –
de fim de um tempo
transviada travestida
em esperança.
2 comentários
Nossa, adorei!!!!
Obrigada!
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