quarta-feira, 22 de maio de 2013

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Carta à Musa

Jovem mulher com a gloriosa manhã em seu cablo, de Jules Joseph Lefebvre


Desculpe se só sei ser desse jeito

Humano ser cheio de defeitos
Sonhando com o inexistente ser perfeito
Que perfeito é apenas o sonhar.

Desculpe se sou falho, se me alheio,
Releve se não sei viver, se anseio,
Perdoe se só sei ser desse jeito
Desse jeito imperfeito de sonhar.

Se sou mesmo indecifrável, pleno, insano,
Se não passo de um terrível desengano
Descarta-me se não caibo no teu plano
Que um sonho é tão difícil de largar.

Mas se olhas no espelho e vês meu rosto
Nessa imagem, clara e límpida, teu sonho
E para além dessa imagem vês meu nome
Para além de um mero nome um ser humano.

Vem sentir a minha essência mais insone:
O desejo de sentir gosto por gosto
Cada parte desse amor que nos consome
E que some com uma parte desse todo.


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