quinta-feira, 23 de maio de 2013

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Pequenas histórias 57




Foi um vestígio



Foi um vestígio que marcou o instante no assoalho quando, percebeu a luz frágil da lua, invadindo o quarto dos sonhos, meramente esquecidos, ao acordar no meio da noite.
Levantou-se no escuro tendo a angústia roçando os lábios mornos do desespero por ficar muito tempo deitado na cama que o espetava.
Os caminhos percorridos durante o dia tropeçavam em seus olhos marcando os longes que impôs a si mesmo como algo que deveria ser feito sem medo e sem hesitação.
Seguia os caminhos não como destino, não acreditava em destino, mas somente para chegar aos longes da alma eliminando o negativismo de seus atos impensados.
Sabia que dormir não espantaria jamais o frio das palavras impressas nos cartazes grande das ruas e, muito menos, lhe daria noção do corpo como um todo.
Os resíduos, mero subterfúgio, agia como reveladora demonstração de sua vivência constante no mundo prosaico dos sentimentos.
E, coalhado de resíduos, percorreu as nódoas cuja marcas a chuva repentina, deixava no chão seco por onde passava.
Sorriu meio tristemente, se enfiou de novo debaixo das cobertas, não deixaria a depressão invadi-lo.

(prosa poética inspirada no poema “vestígios”, do poeta Adair Carvalhais Júnior).

 vestígios
Adair Carvalhais Júnior

ao acordar percebo na
luz frágil do quarto os sonhos
esquecidos meus

caminhos tropeçam o dia
inteiro nos longes que me
impus meu

dormir jamais espanta
o frio das ruas do meu
corpo

imenso coalhado dos resíduos das
marcas das nódoas
e da chuva perene


pastorelli

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