Quando terminei de escrever, reli uma, duas, vinte hiperbólicas vezes o que tinha acabado de me sair. Vitória, Vitória, eu repetia, me diz o que é isso que eu sinto, Vitória. Vitória, me mostre o seu rosto, me diga o que você quer da sua vida. E eu vou te ajudar a nascer. Ela gritava dentro de mim. E eu gritava comigo. Jaime, isso é loucura, Jaime. Jaime, ela é a-pe-nas i-lu-são.
Mas eu não queria me ouvir.
Reli uma, duas, vinte hiperbólicas vezes o que eu tinha acabado de escrever. E nem mesmo assim a sensação passou. Aquela conhecida sensação de já conhecer. Tudo aquilo, palavra por ponto por vírgula do que eu havia acabado de escrever.
Reli ainda a vigésima primeira vez, mas nem descobri de onde conhecia aquelas palavras, nem aquela sensação se dissipou. Foi naquele momento, ao contrário, que ela cresceu. Porque comecei a sentir que reconhecia também cada segundo que passava, tiquetaqueando no relógio de ponteiros que eu não tinha. Eu sentia o tempo, como se o tempo tivesse seguido o curso inverso da linha, uncanny strange dejá-vu. E foi por isso que, naquele momento, senti que precisava sair. E saí.
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