quarta-feira, 29 de maio de 2013

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ENCONTRO MARCADO


A idéia de um encontro marcado traz emoção, sensação de euforia, junto com a fantasia de imaginar que se irá estar com “aquela pessoa”. E não estou falando em “ficar”, como nos tempos atuais. Apenas estou lembrando sobre um encontro marcado há alguns anos, no Cine Guarany, na minha cidade natal, para assistir ao filme DIO COME TI AMO.
O título já era uma prova de amor e eu acreditava na busca pela felicidade, na paixão e até na procura pela alma gêmea. “Amor, palavra que liberta”, já dizia o profeta.
Estudávamos juntos, freqüentávamos os mesmos lugares e tínhamos a mesma turma, participávamos das mesmas reuniões dançantes.
Num domingo, marcamos encontro no cinema. O combinado foi que o primeiro a chegar ao cinema guardaria lugar para o outro. Cheguei primeiro, com a turma, e guardei o seu lugar, ao meu lado.
Vivi a ansiedade e a alegria ao mesmo tempo; quase não cabiam nas batidas do meu coração. Pensei que finalmente iríamos jurar um amor que até então era apenas platônico.
Sentia-me a mais poderosa das as moças. Sorria para todos! Não podia esconder minha felicidade. Era o amor, esse sentimento doce. O amor estava no olhar. O olhar, no sorriso, que dizia mais do que todas as palavras. Um amor gentil e cortês. Um sentimento de afeto evocando o puro espírito de amor. Sentia essa alquimia sentimentalista.
Apagaram as luzes. O filme começou e ele não chegou. Fiquei triste. Algo aconteceu comigo, senti-me só. Estava só! Havia sonhado com aquele encontro para conquistar o seu coração. Então, pensei: chega de desejar e esperar. Assisti ao filme até o fim, lamentando a cadeira vazia. Ele foi até ao local e não foi ao encontro marcado; no mínimo, um estranho ser humano.
Na saída, veio ao meu encontro. Tarde demais. Já havia estragado o meu carinho, o romantismo do filme, a esperança da sua chegada e a minha ilusão de viver um grande amor.
Como posso esquecer se não posso deixar de lembrar? Não sei o que fazer comigo. Sinto meu coração partido, então, às vezes, chamo seu nome. Apenas uma brincadeira louca, uma lembrança cheia de força e emoção. Aqueles momentos me seguem por toda a parte, como se fossem anjos para realizar o sonho perto dele.
Acreditar, como eu acredito, em algo que até os descrentes acreditam: o amor. Esse doce sentimento. Penso que há um tempo para cada coisa, mas só o amor permanece.
DIO COME TI AMO, essa certeza o tempo não pode mudar. E o sofrimento é o íntimo valor a aflorar, como no poema de Pedro Du Bois: “O pior não foi teres ido embora / poderia ir ao teu encontro / pedir que voltasse.../ o que terminou não foi a briga / nem as rugas, nem a tentativa. / Findou o amor que tinhas por mim.”

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