sábado, 25 de maio de 2013

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Poema de Jorge Elias Neto - Tradução de Pedro Sevylla

Moribundo

Se te lembrares de mim,
traz-me orquídeas num tubo de ensaio –
dessas que são isoladas, para não se ocupar
da impureza de nossos días –
e injeta em mina veia.

Coloca un fone en meus ouvidos
que me sussure brisas.

Mostra-me fotos de casa
e conta de nossas sombras.

Se te lembrares de mim,
lê-me a Máquina do Mundo.

Não te prendas aos meus olhos fechados;
na escuridão, recicla-se a luz de entardecer.

No limiar da consciência
o nada-fundo se disfarça em paz.

Se te lembrares de mim,
ignora a falsa ausência de gestos.

Abafa os sons
dos aparelhos que me amparam
com um lindo sorriso.

Se te lembrares de mim,
diz a quem interessa, que os amo.

Se te lembrares de mim,
deixa-me de recordação teu cheiro.

despois, sei feliz e celebra a vida.

Pois logo chegará a morte
quem sabe a única esperanza…





Moribundo
                            Tradução Pedro Sevylla

Si me recordaras,
tráeme orquídeas en un tubo de ensayo –
de las que crecen solas, para despreocuparse
de la corrupción de nuestros días –
y alimenta mi vena.

Inserta un audífono en mis oídos
que me susurre brisas.

Enséñame fotos de casa
y habla de nuestros secretos.

Si me recordaras,
léeme la Máquina do Mundo.

No te aferres a mis ojos ciegos;
la oscuridad, renueva la luz de los atardeceres.

En el umbral de la conciencia
lo superficial se enmascara confiado.

Si me recordaras,
desdeña el disfraz ausente de los gestos.

Silencia los sonidos
de los mecanismos que me sostienen
con una sonrisa abierta.

Si me recordaras,
di a quien quiera saberlo, que los amo.

Si me recordaras,
déjame la memoria de tu olor.

En lo sucesivo, sé feliz y glorifica la vida.

Pues la muerte llegará ligera.
Quizás el único alivio…




2 comentários

Poções de Arte

Nossa!
O que gosto ao ler poemas e texto é imaginar toda a situação. E ao ler este que publicou, logo no comecinho, pude imaginar alguém deitado, se despedindo, mesmo ausente de gestos e palavras.

Um lindo dia pra vc,
Abração.

Jorge Elias Neto

Obrigado!
Esse e o primeiro poema de uma trilogia. São todos motivados pela morte do maior poeta capixaba, Miguel Marvilla, que acompanhei muito de perto.
Talvez sua sensação seja motivada pela verdade contida nos versos.
Um abraço,

Jorge Elias