Rio Grande do Sul
O dia estava frio demais embora
fosse fevereiro. O sol envergonhado surgia fraquinho por entre as folhas das
árvores sorridentes, naquela manhã na praça deserta. Meu lento caminhar
madrugueiro pelas aleias floridas, me levaram a um pequeno bar onde serviam um
chocolate delicioso.
Era a cidade de Vacaria onde
estava a trabalho. Coincidiu ser a mesma época do famoso Rodeio Internacional
de Vacaria, um chamariz para os aficionados desse esporte tão comum no Sul do
País. Havia gente de todas as partes. Brasileiros, Uruguaios, Argentinos,
Chilenos. Uma gama avantajada de idiomas, dialetos, costumes e crenças. Mas um
só objetivo: vencer o torneio.
Tomei meu chocolate muito quente
e saí para um passeio, e sem muito esforço encontrei o local dos festejos. Um
enorme acampamento onde lindos cavalos puxados pelos seus ginetes, eram as
estrelas. Bois também. Estes e aqueles eram para as provas de laço. Fiquei para
ver essas provas.
Por onde quer que fosse,
encontrava alguém falando sobre montarias, trovas, danças e poesias. Moças,
senhoras, crianças, senhores e rapazes sorridentes, desfilavam seus lindos
trajes folclóricos em um colorido que levava alegria à alma de quem os
observasse. É claro que não estava nem um pouco preparada para subir naquelas
arquibancadas a céu aberto. Nem nos trajes, nem no conhecimento dos costumes
locais. Como pela manhã estava frio, vestia um casaco forrado de lã de carneiro
e bota de salto fino. Logo percebi que o frio não era tanto, para tanto casaco,
e as tais arquibancadas não foram feitas para pés calçados naqueles saltos
altos. Quando pensava estar me instalando para ver as corridas e lançamentos
dos laços, enrosquei o salto da bota em um dos degraus, e o grosso casaco me
salvou de quebrar as costelas, na descida quase de ponta cabeça até o duro chão
de grama verdinha. Mais uma vez vi que nada acontece por acaso. Graças ao
casaco não me machuquei. Absolutamente envergonhada, me desculpando com as educadas
pessoas que me socorreram, saí dali sem olhar para nada, nem ninguém. Um dos
rapazes que me ajudou a levantar do feio tombo, todo sorrisos, me acompanhou
entabulando uma conversa alegre e agradável. Boliviano, estava ali participando
das festas. E durante os três dias de minha estada naquela cidade pitoresca,
fui agraciada com a companhia do jovem, que por algum motivo caiu em meu gosto
particular. Sou assim, se gosto, não me faço de rogada. Trabalhando, e nas horas
de folga dando atenção ao guapo laçador, perdi os festejos. Uma pena, porque
pelo que vi na TV, o rodeio esteve magnífico, premiando ginetes, laçadores,
trovadores, cantadores, gaiteiros, dançarinos, poetas e muito mais.
Só que para ir a Rodeios no Rio
Grande do Sul, aprendi que se vai de bota baixinha e confortável.
1 Comentário
Ahhh, Paola, essa terra onde nasci e vivi quando jovem é mesmo encantadora e singular...e imagino que ainda mais ao poder usufruir da companhia de um guapo rapaz latino, pródigo em gentilezas... Sem dúvida, será uma viagem inesquecível! Parabéns pela leveza da escrita e grande abraço!
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