14:59pm
O silêncio dessa tarde de sábado.
O brilho do sol estático contra os velhos objetos deixados na varanda, até o
avanço da ferrugem parece ceder. A fumaça de meu charuto não se mistura àquela
do ar. Tal condição permeia as frestas das paredes e os alvéolos, já
danificados, dos meus pulmões. Há espaço e energia para uma ficção nuclear;
entretanto, nada acontece. Nenhuma ideia, nenhum movimento. O gato mira seus
olhos verdes fixamente de encontro aos meus. Trago lenta e profundamente do
charuto, mas a fumaça expelida é a mesma. Posso apostar que será idêntica a
seguinte e, assim, sucessivamente, num análogo aos goles inter-calados de vinho
tinto. O vazio, essa ausência, tudo aquilo que eu não quero. Sem nada ou
ninguém a importa-se, o resultado da in(ad)equação: o que me resta. A completa solidão
nos sonhos de infância, sem um sopro de amor por compartilhar. Encontro comigo mesmo
nos olhos do gato. Ele vira a cara. Nem sei mais se eu quero viver.
12:35pm
Ela me abraça,
pele com pele
– ficç40 nuc134r.
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