quinta-feira, 5 de setembro de 2013

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IGUAIS



Em Pedro Du Bois a criatividade do poeta se alia à originalidade do tema, como a arte que o caracteriza em Iguais, sua reflexão sobre a realidade em suas passagens que, em boa hora, torna-se acessível ao leitor.
Os poemas são traçados e retraçados diante dos olhos da igualdade entre os seres. O autor foi buscar nos Iguais a sua linha condutora: “A igualdade é pressuposto das diferenças. Doentia / forma de desconhecimento. Arma / e arremesso. Corpo anteposto / ao dia anterior: juventude / e infância. Infâmia / concretada. // Iguais em si mesmos almejam / o dia da chegada. // E ainda não / foram até a porta”.
A obra de Du Bois tem a ver com as observações sobre o que é social e, objetivamente, específico na criação poética e na crítica, o que dá à palavra a original pluralidade de seus significados. Descreve a problemática da igualdade versus desigualdade, como limites que separam o Ser e a verdade, e da aparência, como sombras da realidade, onde lemos que “O mágico contraste: luzes e sombras / alternadas em sombras e luzes. // Minha prédica observa / o dizer do acaso. // Somos iguais gritam as luzes / e as sombras me defendem / da indiferença”.
A percepção de Pedro mostra as características da sociedade para o social e as diversas faces da realidade, que se mesclam em relações e mudanças. O autor lança luzes sobre a paisagem dos Iguais, com o propósito de buscar ou esperar pelo direito da igualdade entre as pessoas. Aborda o tema como se fossem conversas sobre a destinação das ações e pensamentos em contínua reflexão sobre a pessoa no mundo; sobre o que fazer quando as luzes da razão iluminam os Iguais e, de alguma maneira, transmite ao leitor o mundo em nível de (des)igualdade, como criação, como faz notar, “... Iguais em reconhecimentos / transfiguro a noite em luzes / refletidas na inconsolável perda / da pessoa amada. / Amo // o intervalo entre os dias / do instante despercebido”.
A obra determina, através dos poemas, duas realizações: igualdade versus desigualdade, que são importantes e marcam a integração (e a interação) entre as pessoas, descrevendo de forma poderosa as dores do mundo.
Pedro procura traçar um fio de esperança com sua insistência em pensar Iguais, ao repensar o tempo como efeito projetado da história. Seguramente, os poemas desvendam a igualdade como consciência, natureza e significado histórico na importância de revelar o pensamento e as questões sobre cada escolha, ao mesmo tempo e no tempo todo, além da realidade que nos cerca. As vítimas do cotidiano são referência constante, por ele vislumbradas em Iguais, como traço essencial da condição humana, porque escreve que, “Igualado em temores sou a distração / do oráculo na concretização dos sonhos. // A brevidade: estame / estima / destino / e desatino. // Habito a efemeridade na igualdade / da sobrevivência e da memória”.

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