quinta-feira, 5 de setembro de 2013

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Sobrevivência


Silêncio.
    
A hora ou o dia pouco interessa. Jacinto chega à praia, tira a sua camisa, avança os pés descalços pela areia.

Agora ouça ao fundo: oceano. Ele toma um gole da aguardente enquanto espera pelo momento oportuno de salgar o corpo.

Jorge imagina Jacinto que (por sua vez) o descreve com a esferográfica. É o que tem que ser. Jacinto existe e filtra o mundo através dos seus sentidos.

Ele é essa massa humana. E = m c2, segundo Einstein. E quem sou eu para duvidar dele? Quanto maior a massa, mais de Jacinto atrelado ao seu próprio mundo.

Jorge está do outro lado. Noutro plano, donde expulsa ideias imundas sobre o papel. Um punhado menor da inércia nesse sistema ligado de molas, de amortecedores. A energia se equilibrando nos pratos da balança.

E deve você saber que Jacinto fumava tranquilamente um cigarro natural ao longo de todo o último parágrafo.

Ah, o mar! Pensa Jorge. Jacinto recebe uma baforada refrescante da maresia. As ondas fluindo, energia em movimento. Jacinto leva-as diretas na cara. Até aquele ponto que chamamos de realidade.

Jacinto toma mais um gole da aguardente. E o outro se decide finalmente por um mergulho...
   
Sobreviveremos?





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