Caro Ricardo-Pablo, my dear.
Pode dizer aos organizadores do evento
que eu aceito o trabalho. Vai ser um projeto longo, por isso preciso de mais
prazo. Por favor, peça a eles. A Isabel Dias foi minha amiga na faculdade de
inglês, uma das poucas amizades que mantive daquele tempo. Ela é bastante
profissional e compreensiva. Como é ela a idealizadora da coleção, acho que o
aumento de prazo rola. Tenta pra mim, please. Uns dois ou três meses a mais
seriam o ideal.
Ah, confirma pra mim o seguinte, if
you can. O tema principal é o exílio, certo? E eu tenho que falar de Paraty,
porque é pra ser lançado na Feira Literária, am I sure? Já dei um jeito de
encaixar isso na história. São os únicos detalhes, né? O resto é livre, right?
Não me iludo achando que vai ser fácil
nem te iludo dizendo isso. Vai ser o cão chupando capim-limão. Mas acho que
será também recompensante. Aliás, a empolgação foi tão grande que eu ia te
escrever esse e-mail anteontem, quando você me mandou a proposta lá no Face
(aliás, gostou da inserção de Jaime Lage na vida digital? Só não espalhe que
sou eu. Não quero contatos! rs), mas gostei tanto dela que comecei a escrever
imediatamente. A história começou a brotar feito mágica, man. Eles vieram me
assombrar esses dias. Seguraram na minha mão e escreveram comigo uns dezoito
capítulos. E pode ficar contentíssimo, espanholito, que o resultado tá ficando
porreta, rapaz! =)
Vou dar uma pausa pra comprar cigarros
e um vinhozinho. Volto logo.
Voltei.
Conte-me tudo, não me esconda nada,
Pablito. Como andam as coisas na editora? E a perspectiva de greve? Você
conseguiu resolver tudo com os diretores? Foi preciso dar o aumento pra gráfica
ou deu pra chegar a um acordo? Deixe-me a par, okay? Era tudo tão mais fácil
quando eu só vendia livros na livraria ou revisava o livro dos outros!
Presidência my ass (não conte a ninguém, okay? É ótemo trabalhar em casa!).
Faz um favorzão? Aquele dinheiro do
Prêmio Dulce Veiga ainda não bateu na minha conta. Era pra ter entrado há
exatos oito dias. Dá uma telefonada pra comissão organizadora que alguma coisa
aconteceu pra que eles ainda não tenham me pagado. Conheço o Júlio Borges pessoalmente
desde que ainda trabalhávamos aí na livraria. Ele é mulherengo, alcoólatra e
cocainômano, mas caloteiro ele não é. (Se um dia for publicar um volume com as
minhas correspondências, por favor não esqueça de colocar só as iniciais! rs
Não quero nenhum ódio póstumo me perturbando lá no inferno – onde eu certamente
vou parar!)
Te convido pra jantar no sábado, tomar
uma garrafa inteira de vinho no gargalo comigo. Tenho andado numa solidão maior
que a de sempre, que aliás já é bem grande. Vem me fazer companhia? Além do
mais, preciso sair dessa casa, descansar um pouco dessa história. Ainda tenho
muito a contar. Conheço um barzinho bem bom aqui perto, com juke box de rock e
tudo! Confirma logo que eu faço reservas.
Be fine, companheiro.
Lots of hugs to you.
Irene.
Em tempo: viraste meu personagem. Te fiz agente
literário. E argentino.
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