sábado, 23 de novembro de 2013

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SÔNIA PILLON - ESSA MANIA DE SAIR CUSTOMIZANDO...


Para os adeptos da pesquisa rápida, uma boa definição de customização nos é dada pelo Wikipédia, de que é “personalizar, adaptar algo de acordo com o gosto, ou necessidade, alterar para fazer com que sirva melhor aos requisitos de alguém”...


Enfim, customização pode ser entendida como sendo adequação ao gosto individual, uma prática bastante utilizada em relação a roupas, em que o desafio é transformar uma peça padronizada, produzida em série, em uma nova e única, com a cara da gente...

Pensando bem, acho que sempre tive essa aptidão, de olhar para uma mesa ou cadeira antiga (dessas que a gente encontra na garagem, no sótão da família, ou de amigos próximos), e enxergar ali um móvel totalmente novo, com a cor que combinará na minha casa... Aliás, já fiz isso muitas vezes e gostei do resultado. Ponto final. Afinal, personalidade e DNA cada um carrega o seu...


Certa vez fui visitar uma amiga de Pomerode e vi um vaso de porcelana branca, jogado no chão, ao lado de um galão de tinta. O vaso visivelmente estava destinado à lixeira mais próxima e até tinha uma mancha de tinta preta, que eu enxerguei como sendo em forma de furacão em movimento) e alguns pingos caídos em volta... Imediatamente me chamou a atenção, porque o achei lindo, já o imaginando com o meu toque pessoal...


“Gostou? Pode levar. É só limpar essas manchas aí”, me disse a amiga Heike. Mal sabia ela que foi justamente aquela “pintura” acidental do vaso, que nada mais foi do que uma limpada do pincel por quem o utilizou, que desencadeou uma ideia em mim: de utilizar uma tinta dourada e contornar aquele “furacão” negro, transformando em um novo vaso, com a etiqueta “eu que fiz”.

Depois foi só colocar flores coloridas, em tons degradê, do vermelho, passando pelo laranja até o amarelo, e transformar em uma decoração exclusiva...

E essa “febre” volta e meia toma conta de mim, de sair customizando coisas, mudando a cor de móveis e utensílios, inventando moda em pequenos detalhes...


Acho que deve ser a minha rebeldia interior com essa cultura “código de barra” em que vivemos hoje, a ditadura que de quando em quando determina a cor e o modelo de roupa que devemos usar, a altura e a largura das saias e das bermudas, os tipos de tecido...


Vai ver que é por isso que nas últimas semanas passei a andar com uma lata de tinta em uma mão e um pincel na outra, faceira que nem criança pequena quando vê o resultado da pintura feita na pré-escola, apenas com uma folha A4 e um potinho de tinta guache, mas com a imaginação rumo ao infinito.


O mundo vivido sem imaginação, quadrado e geométrico, com regras absolutistas, não rola...




Sônia Pillon é jornalista e escritora, nascida em Porto Alegre (RS) e desde 1996 radicada em Jaraguá do Sul (SC).

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