quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

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Em Questão de Minutos


“O tempo é surpreendente / Dono do passado e do presente /
É como um quarto escuro / Reserva em segredo o futuro...”
(Cândido F. Ferreira)

Acredite, no momento estou sem tempo – marco em minha vida - e não consigo pensar, apenas suspiro e tento recuperar a ironia e a paixão pela vida; fica apenas a atração pela polêmica do suicídio. De consistente, trago a esperança, que constituí traços definidos em um só momento.
Em questão de minutos estou na defensiva. Logo, penso na palavra desistir... Por que é impossível preencher a página. A sensação é de já ter vivido esse momento que por muitas vezes me deixa confusa: o tempo não para e não volta. Lêdo Ivo questiona, “Que fazer de nossas vidas / se tudo não vale nada e não vale um caracol // o sol que tão alto brilha?...”
Em questão de minutos penso na desistência com compreensão, meditação e revisão sobre a vida e seus desdobramentos, que me reporta ao tempo como semelhança do domínio na conclusão imprevisível e irônica, que torna evidente ser o pensamento que detém a palavra final sobre a verdade e a problemática do homem, seu destino e a sua história. Gilberto Cunha coloca, “Haverá um tempo (não muito distante de agora) que ao homem será permitido escolher seu próprio destino... Somos prisioneiros de nós mesmos...”
Em questão de minutos, o suicídio passa pela minha cabeça, quando o sonho de ficarmos juntos não passou de ilusão, restando apenas a questão da morte, como garantia de vida. Encontro em Pedro Du Bois, “...não temos como lembrar / o vazio das lembranças: / ...perdidos um no outro / nos consolamos em vidas sozinhas...”
Em questão de minutos lembro o fato ocorrido, com o escritor Leopoldo Lugones, que se suicidou em 1938. Ele foi considerado pela turma de Jorge Luis Borges “um verdadeiro patriarca estético”, segundo Antônio Fernández Ferrer.
Em questão de minutos a literatura me faz crer que o suicídio é algo mais do que a palavra pronunciada adverte e prescinde cuidados especiais, como as que encontro no poema A Nona Colina: Suicídio, de Carpinejar e na Estória de um Suicídio na Fábrica de Adesivos, de Mário Chamie.
Em questão de minutos reconheço que a poesia pode ser triste e, ao mesmo tempo, esperançosa. Aí reside a beleza da vida, já que esquecer a lembrança ao passar por minutos chocantes, implica na negação que o tempo em ciclo distante prevê o destino e mostra o lado da desistência, como em Mário Chamie, “...nas camadas do destino /as estradas do suicídio...”.

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