sexta-feira, 28 de março de 2014

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Pequenas Histórias 92



 

                 Para o Antonio Adriano de Medeiros

 

 
 

O dia amanhece cheio de sentimentos petrificados
Na ansiedade dos passos os quais se registram
Palavras na tentativa de quebrarem pedras de sal
Em cada esquina solitária de vidas apressadas

Emana dos gestos um pedaço de carne sanguínea
Onde a angústia se estatela em quadriláteros de fome
Registrando um suicida num futuro de morte

O sabre enferrujado é abandonado
E a vassoura não varre mais o terreiro lá de casa
Que continua sujo por causa da preguiça

E a saudade se dissipa com um trago venenoso
Na quentura de um afago retraído no desamor
Das palavras sem sentido

Assim caminham os aventureiros na ânsia de glória
Quebrando pedras de suores insignificantes

E todos os dias morrem milhares de peixe envenenado
no petróleo ganancioso

pastorelli

 
- poema inspirado em “Um poema”, de Antonio Adriano de Medeiros -

UM POEMA


Um cristal de ansiedade,
sentimento
que quer ser pedra.

Sinto e minto
palavras de açúcar e sal.

Emana também da carne
um desejo de ser
mais duradouro?

- Talvez já com saudade.

Tão fugaz quanto um trago
é este afago,
um toque na brasa das palavras.

E o que era pedra
se derrama em signos.

Ainda aí as palavras são,
como peixes.
 

           Antônio Adriano de Medeiros

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