quarta-feira, 2 de abril de 2014

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Bilhete para JÚLIA e LUÍSA: as flores pequenas


Queridas Júlia e Luísa, minhas flores pequenas, vou contar suas histórias para as crianças.
Luísa tem 6 anos, gosta das cores rosa e roxo, com muito brilho. Estuda canto. Júlia tem 8 anos, gosta das cores prateada e dourada. Faz balé e teatro. Ambas tem talento com as palavras e, com o tempo, passaram a escrever pequenas histórias e poemas. A forma com que elas escrevem não é importante, porque a linguagem é perfeita, como na história de Júlia, A BONECA que FALAVA, “... Então apareceram duas fadas... elas avisaram a Emília: você agora tem vida. Cuidado, os humanos não podem lhe ver... você é uma boneca que sabe falar...”; e de Luísa, A FADINHA e a MENINA, “Uma vez, uma flor se abriu e dela saiu uma fadinha. Logo chegou uma menina e a fadinha perguntou, qual é o seu nome? Meu nome é Luísa...”.
Fazem seus estilos para soltarem as vozes e as palavras ao vento. Segundo Júlia, “Existe uma palavra / uma palavra tão linda / que sem ela / a vida não teria amor / essa palavra / essa palavra é cativar.” Elas desnudam os pensamentos e se refazem em amanheceres, onde suas vozes dão sentido às palavras ao se confrontarem com o mundo das descobertas e fazerem o encontro dos sentimentos como caminho da liberdade. Júlia mostra, “O girassol segue o Sol / o Sol guia o girassol / Ai, meu Deus, o girassol é tão belo / Ficou até amarelo”. Luísa demonstra, “Abelhinhas / abelhinhas / como está esse jardim / tão colorido, / espero que no / balão esteja / mais florido.”
Elas não se escondem e nada cobram, apenas espalham pensamentos livres, puros, sem castigo e sem prêmio, como em Júlia, “Ai ui ai, / au au au / me acalmei / e fiquei feliz”. Têm consciência, sob medida, quando falam dos seus livros preferidos e de seus autores. Cada dia afinam-se nas expressões em que escorrem, por natureza, nas profundezas do encanto de saber que no mundo tudo tem significado e que a palavra é prenúncio do reverso de suas vidas. Segundo Luísa, “Olha a água / olha a água / caindo do chuveiro / parece até brilho / azul das águas claras”; e Júlia, “As flores / são importantes, / sem elas a natureza / não teria cores / nem perfumes”.
Júlia e Luísa pegam o lápis e escrevem o que guardam de cor nas lembranças; fazem os tons como as pequenas flores que desabrocham em coloridas pétalas para saudar a vida. Não importa a paisagem que elas espiam, pois possuem em suas mãozinhas o jardim em que descrevem os dias de luz. Fazem da noite a poesia onde prendem o luar em cada linha, como retrata Júlia, “Estrelas, oh estrelas / fico tão feliz por vê-las / Estrelas apareçam. / Estrelas, oh estrelas”
Luísa e Júlia aproveitam o tempo com suas artes. Suas mágicas como liberdade. A lógica como fábula. Suas verdades como gestos para revelarem a poesia, tal em Júlia, “ABCDEFGHI / Luísa / Eu amo você”. Desenham palavras que espiam a vida pelas frestas e a retratam em letras de laços e alçadas, como descreve Júlia, “Vê que vida há no chão / vê que vida há nos ninhos / com seus mil passarinhos”.
Júlia e Luísa são pequenas flores que destilam o amor e o espalham em versos, porque acreditam nas suas certezas, onde tudo é possível quando existe liberdade.
Lembrar a passagem do Dia da Criança contando a arte de Luísa e Júlia é revelar que as crianças têm o direito de se expressarem sobre seus silêncios e sonhos. Ser criança é a mais bela idade da vida, em que o dinheiro não vale mais que alguns trocados; ama e é amada; a verdade é a esperança para o amanhã; confiar não é trair; dividir não é fraudar; falar é seduzir e escrever é contar sua vida nas entrelinhas.

1 Comentário

PAULO TAMBURRO.

Tânia,

você nunca visitou meu blogues!

Será que eles são tão péssimos assim?

Sinto que não os visite.

Mas reconheço a liberdade de você não querer.

No entanto, quem sabe?

Um abração carioca e espero por você!