quarta-feira, 24 de setembro de 2014

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ABELARDO da HORA: Meninos de Recife




Abelardo da Hora é um grande artista pernambucano. Sua obra é universal e traduz muito da alma do povo brasileiro. Como dizem Abelardo “de todas as horas”, porque suas esculturas brotam do cotidiano, da existência, da fala das coisas comuns. Transmite em suas obras o espírito de luta, com vigor expressionista, tendo influenciado o início da carreira de Francisco Brennand.

Na sua obra encontra-se a força do ritmo dos movimentos cristalizados em traços simples de gestos rápidos e incisivos. Como as esculturas: “Hiroshima” e a série “Meninos de Recife”. Ele retrata a beleza explícita, ao reproduzir em suas esculturas a realidade que está na nossa frente e não a queremos ver e em algum dia de sua luta, escreveu o poema “Meninos de Recife // São habitantes anônimos / dessa cidade alagada, / de limo e pedra formada / sob marés / submersa // ... são apenas habitantes / dessa cidade alagada. / Atirados sobre a lama. / Sobre as marés da desgraça”.

Lutas que travou com o barro, espátulas e enormes formas de gesso. E, através da obra “Meninos de Recife”, com sua espátula em punho, transformou a angústia em esculturas, mostrando ao Brasil que eles precisam da esperança por dias melhores.

Segundo Francisco Brennand, seu aprendiz: “A contribuição de Abelardo da Hora, a partir de 1942, foi decisiva no sentido de que, pela primeira vez, essa criação caía nas mãos responsáveis de um verdadeiro artista coberto de talento e criatividade”.

Ao buscar Abelardo da Hora descobri que, aliado a um estilo de vida, fez muito pelos “meninos de Recife”, tendo, assim, desempenhado importante papel na sociedade brasileira.

Abelardo da Hora: desenhista, gravurista, ceramista e escultor; chegada a sua hora, aos 90 anos, no dia 23 de setembro 2014, deixa para as nossas horas o seu talento para o nosso deleite.


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