sexta-feira, 7 de novembro de 2014

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“AS SOMBRAS LUMINOSAS”



As Sombras Luminosas, 1º lugar no Prêmio Cruz e Souza, em1991, de Ruy Espinheira Filho, onde encontro que “...Ninguém. E nada. E nunca. / Na distância, ... / me aquecem de seu azul. / O que respiro é ontem...”
Cada escritor tem seu gesto, cada poeta tem seu ritmo ao colocar as palavras em movimento, e Ruy, em As Sombras Luminosas, com linguagem lírica, nos faz sentir o branco sol presente na noite em que as sombras se transformam em misteriosas luzes: sonhos? Talvez.
Às vezes, em meio à nossas vidas, assomamos a sombra e as cores, como em Clauder Arcanjo, “Tentei-a em tons ocre, / o tempo pardo não a quis./ Pintei-a em laivos verdes, / A natureza, assim, não o bendiz. / Salpiquei-a, então de aluvião de luz. / Mas, serena a paisagem prometida.../ Tão só na fina memória (gesta)reluz” e Pedro Du Bois, “A cor/ condensa / o sentimento//...- somos cores/ divididas.” A sombra é tal o envelope que se abre para a vida ao admirarmos a tela de Benedito Luigi, porque o brilho se reflete nos olhos.
Nascem no jogo de luzes, na união das cores, os nossos traços, as partidas ou uma explicação para o que os olhos vêem? Vera Casa Nova e Flávio Boave, respondem em seu livro Sombraluz – fragmentos.
Lima Coelho pinta em sua Aquarela de Sonhos, iluminando os sentimentos, “...Agita-me o pulsar do coração.../ em mim brotam sensações diversas / vindas da correnteza do vento / Que ao tocar-me ficam dispersas // ... São assim os meus momentos / Em mundos cheios de cores / Onde pinto a aquarela dos sonhos.”
Nas luzes não encontramos limites, que elas não entram em conflito com as sombras. Diria que depois do sol se erguer, a flor do mundo se encontra em nós. Oculta ou não se lança em cores no escuro da sombra, sob o obscuro que guarda a luz interior e que no alado avesso a deixa escapar em luzes vãs.
Há o ser sobre o qual nenhuma cor, luz, sombra e texto versam como no poema de Carmen Presotto, “dou às costas à luz / ângulo de vidro / traio as sombras...// sonho em preto e branco.” E Alexei Bueno lembra que “... somos as bolhas de sabão / que a criança sopra, somos arca / Ricas de sombras, as nossas marcas / De nascimento dizem: não...”, ao que Amós Oz completo, “... a metade / iluminada do globo terrestre se arrasta, exausta, para a sombra / enquanto a metade escura tateia sua primeira réstia de luz."

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