sexta-feira, 7 de novembro de 2014

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SIRENES

Sereias desencantadas
avisam do perigo e do final da aula
o recreio conta corpos em encontros
fortuitos de programadas voltas

- aonde um vai
             o outro retorna
             passos absorvidos
             em flagrante revisto

o passado retorna sereias estridentes
de pescadores iludidos em pedras

o mar revolta o sentido original do corpo
antes desdobre o carinho do útero fertilizado

serenatas abrandam formas de ouvir
o canto das entregas em livros de palavreado
estéril no repetir mesmas letras na recriação

distinguir uivos entre lobos no pouco ouvir
gritos apaixonados de quem se arrebenta
contra o muro central da discórdia

o mar revolve águas que nele transbordam

sereias cantam desbaratadas aos pescadores
que não retornam e da praia acenam bandeiras

acordos descumpridos no final da aula
revelam distintos caminhos de regresso.

(Pedro Du Bois, inédito)

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