segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

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Fascínio Pagão - poema de Jefferson Carvalhaes

Filho do homem, lhe destino o sussurro dos versos paridos d’um corpo árido e cru de forma que teus olhos claros, saltados, completamente nus, ajudem meu senhor;

Donde o trêmulo fulgor se afugente noite e dia pelos foros sossegados numa tarde evasiva

Dizendo ao meu herói convalescente quando os pés viscosos encherem a belíssima neve com pegadas carregadas:

“És o senhor da morte! És o senhor do norte!”

Que pessoas fajutas o abracem à luz d’estrelas reluzentes, e no mesmo patamar que encontramos algozes tão valentes

Revertam a situação à uma prática neutra para que meu empenho permaneça solidificado por uma razão

A qual meu belo tigre de serviço se acostume com semelhantes faces desoladas, maldizendo pelas estradas: “És o senhor da morte! És o senhor do norte!”



Oh, caprichoso mago, quais das vidas tu salvaste, ou entranhas soluçastes?

Das palavras que afloram um triste empenho dos prazeres; infortúnios afazeres pelos que pratiquei unido entre operários temporários.

Vejo o invisível – sobrará o traduzível? –, e repouso em meu coração:

“És o senhor da morte! És o senhor do norte!”



O senhor que elucidou de certo saberá como crer naqueles sonhos enlaçados

Dentre os quais por uma porfia endeusamos pessoas findas,

Saberemos na própria morte (condição revigorada) que no mesmo Templo esquecido tem o deus chamado Cão esnobando seu senhor numa voz que trepida, mas ainda sim avassaladora

Sobre o mesmo cavaleiro sacramentado num fulgor, pré-dizendo e dizendo: “És o senhor da morte! És o senhor do norte!”,



Mas quem seria tal senhor que acolhe o mesmo eixo onde Judas O Facínora, me julgou, e me apagou?

“O senhor da morte! Sim, sim, nosso senhor! O mesmo senhor do norte!”



Ele lavou os mesmos pés que um dia aquele Homem lavou nas ruas massacradas pelo tirano Agamenon? Foste mesmo o senhor, teu senhor, senhor da morte, o senhor, senhor do norte que lhes disse sobre algo como por um frio cálido vos parece mais que um reflexo, tal como vibrante espaço impressentido? O que dirão sobre o senhor?

“Senhor, senhor da morte! Senhor, senhor do norte! Ele veio e me sarou”, disse um pagão indefeso sobre o mesmo senhor, aquele senhor da morte, e o mesmo senhor do norte.



Entretanto fico estático ante todo meu presente aos mesmos sábios que passam uma futura realidade,

Quem seria este senhor que da morte fez a morte, e do norte fez o norte? Tal senhor é um sabido, ou simplesmente um gentio condoído?

“Senhor, senhor! Ele é senhor da morte, mas é muito mais que isso, é também senhor do “norte!”

“Mas do norte já não basta, é também senhor da sorte! Porém a sorte já não fica,”

“Então é senhor do mesmo bosque! Mas o bosque nada guia, nada eleva ao meu senhor,”

“Meu senhor é senhor do lado, lado que não saberias se não vísseis seu senhor!”

“Meu senhor é todo senhor, é senhor de manhã e de madrugada, é senhor que ordena e” “coordena, tanto a morte, quanto a sorte!”



Apresente-me teu senhor, que te leva e te ergue, que te faz ou retrocede, me ensine qual senhor me daria tanta sorte?

“Mas eu digo e repito – por todos os crismados – que meu senhor tão indefeso é aquele” “que governa,”

“Nada tens para lhe dar, mas tudo tu recebes!”



Mas como faço para olhar ao teu semblante que me eleva? Como tenho a guiar minha longa morte, morte que neste dia cavou a própria sorte?

“Olhe em cima e embaixo, olhe aos lados e na frente, mas não se deixes enganar, pois” “meu senhor eu já repito, meu senhor é senhor da sorte!”



O falido viajante vê as portas do inferno, donde espirra enxofre e ao mesmo tempo sente as dores que um dia atacou sentimentos dos meus versos,

Viajante renascido, sob cinzas, sob véus, agora tão dolorido crispa a cabeça e grita aos céus: Algo que fizera errado, me levou a tal destino? O que te trazes o agrado, deste agora viajante tão desnudo e solitário, pobre infante mal-nascido?



Então batas, batas, batas! Que verei tão cintilante, já um rosto viajante, adoremos esta imagem.

Idolatremos teu verso errante, convergiremos num só fim, mesmo destino do viajante, e diremos estarrecidos:

“Maldita Sibila! Maldita, maldita que me castra sem parar! Porque a morte tão sabida já” “não custa me julgar?”



Nada sei sobre o que o sei, é um viajante amigo que surpreende nossos fios,

Talho meu pobre vazio um por um, como qual um forte rio em prol escorre sobre outros,

Então quem me desmente frente à imaginável gravura d’um asteróide comandando que me persegue vagamente?

Poderia um pobre poeta adorar seu triste ego?



“Nós sabemos, e dizemos só a ti, que não vivas tua vida como alguém sonhou viver,”

“Já que toda tua luta, tu com todas as certezas: Não irás vencer!”

“Então venha com teus filhos, venha com teu pai,” “Venha junto de nós, Oh, tolo ancestral,” “Que de certo tudo machuca, e em teu coração nossos pés vacilam em pisoteá-lo como um “farto rei, seguindo a rubra luz da lua.”



Dirás sobre essas terras (todas isoladas)

O quanto o Deus dos vivos,

E dos mortos que renascem, quem realmente fugiu

À um anseio de fidelidades,

Agora saberás que tenho mesmo um fascínio

Como os pobres falecidos que me beijaram em seus últimos suspiros.



“Amarás como sempre desejou amar, pois sabemos todos nós que tua prece antes áspera”

“Está desde já iluminada por saltérios,”

“Tudo entenderás, e para sempre viverás,” “Sequer a solidão me amou num só pesar.”



Finalmente finda o guerreiro paralítico,

Mas liberto destes murros

Um por um, por aqui não passarás

No entanto os ferreiros que moldam um sucesso

Não farão condições

Deste resquício desgracioso.



Finalmente os exauridos no Inferno lamentam à sorte que tiveram,

Derramaram tudo em sis,

Num perfeito hemisfério.




Poema de Jefferson Carvalhaes

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