terça-feira, 14 de julho de 2015

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RETALHOS DO PENSAR


Abrir os olhos e receber a claridade é o momento de um parto. É chegada a hora da sutileza, jogar um manto sobre o caos para revelar a beleza gerada de maneira imperceptível... Como quando um artista se coloca à disposição da linguagem, tornando possível sentir no ar que ele inspira toda sua função vital.
É óbvio que existem os dias terríveis, nos quais o corpo fazendo birra desrespeita os planos da mente: cansaço e desordem mental. As mãos estendidas que nada alcançam, sempre exigem mais um passo do corpo, pés que nos conduzem, mais uma vez ao vazio. O membro-Tomé é recolhido sentenciando a eterna procura.
Stuart Murdoch projetou no mundo todos os deslocados que viviam dentro dele. Neil Young e a tragédia de dezenas de álbuns gravados, milhares de shows e a impossibilidade de falar com o filho encerrado em seu próprio corpo. Um grito que liberte a existência do mundo físico da cela dos sentidos e permita um existir para além das significações vazias das palavras e outros signos do irrelevante real.
Afetos e qualidade mensurados por cliques anteciparão a volta de Neo. Fez bem minha avó que não quis esperar a morte para desaparecer, foi saindo de mansinho, acabou antes do fim. A única chance é extrair de toda tristeza que nos torna mergulhadores a metamorfose: A pena e sua leveza boiando nas águas de Terrence Mallick.

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