Abrir
os olhos e receber a claridade é o momento de um parto. É chegada a hora
da sutileza, jogar um manto sobre o caos para revelar a beleza gerada de
maneira imperceptível... Como quando um artista se coloca à disposição da
linguagem, tornando possível sentir no ar que ele inspira toda sua função
vital.
É
óbvio que existem os dias terríveis, nos quais o corpo fazendo birra
desrespeita os planos da mente: cansaço e desordem mental. As mãos estendidas
que nada alcançam, sempre exigem mais um passo do corpo, pés que nos conduzem,
mais uma vez ao vazio. O membro-Tomé é recolhido sentenciando a eterna procura.
Stuart
Murdoch projetou no mundo todos os deslocados que viviam dentro dele. Neil
Young e a tragédia de dezenas de álbuns gravados, milhares de shows e a
impossibilidade de falar com o filho encerrado em seu próprio corpo. Um grito
que liberte a existência do mundo físico da cela dos sentidos e permita um
existir para além das significações vazias das palavras e outros signos do
irrelevante real.
Afetos
e qualidade mensurados por cliques anteciparão a volta de Neo. Fez bem minha
avó que não quis esperar a morte para desaparecer, foi saindo de mansinho, acabou
antes do fim. A única chance é extrair de toda tristeza que nos torna
mergulhadores a metamorfose: A pena e sua leveza boiando nas águas de Terrence
Mallick.
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