sábado, 1 de agosto de 2015

0

Síntese dO espalhamentO

          
BuscO as pequenas cOntas de minha cOrrente partida. Ainda vejO O reflexO dela num espelhO antigO, que afeiçOadO sObremaneira à imagem de sua pOesia, sOube apreende-la pOr inteirO. Ele serve de mapa, um guia para a sua cOmpleiçãO. Nele eu cOntemplO a sua fOrma inversa, aquela grafada em luz na película sensível, que é a memÓria dOutrO tempO. As cOntas esféricas de minha cOrrente radiante espalharam-se pOr tOda a Terra. Eu prOcurO pOr algumas delas na face pacífica de um lagO, mas temO que estas pOssam ter submergidO, tendO sidO devOradas, enfim, pOr cavalOs-marinhOs. Outras eu as imaginO sObre Os picOs de cOrdilheiras cOngelantes, de alturas inimagináveis, tãO agudas e desafiadOras quantO O impOssível. Lá, talvez, nãO cOnsiga revê-las pela pura e simples incapacidade de minhas vistas em discernir-lhes Os alvOs cOntOrnOs àquele da superfície nevada. E assim, de cOnta em cOnta, defendO-me cOmO pOssO de sua ausência. MastigO demOradamente O alimentO, cOm medO de me deparar cOm uma delas em meiO às garfadas, quebrar Os dentes, Ou O que seria ainda piOr: danificar-lhe de fOrma definitiva pOr falta de atençãO Ou (OutrO) descuidO meu. Os dias passam e, na raiz das hOras, reside a essência de tOdO O prOblema. A verdade é que cOntemplO a minha cOrrente nO instante efêmerO dO mOvimentO de uma nuvem, antes dO ventO dissipar-lhe a fOrma. Sei que agOra habita tOdO O espaçO. Desde O cúmulO da existência até as partículas elementares agitam-se nO encadeamentO dOs seus encantOs. Minha cOrrente é cada um dOs astrOs nO céu, Onde nele se destaca O brilhO de Vênus, lOgO após O pOente. NãO, ela nãO me pertence, nem nunca pertenceu, mas respiramOs desse mesmO fluidO, que a tudO abraça e acalenta. E, na sua cOmpletude, sOmOs um sÓ cOmO Os versOs de um singelO pOema.
        
        
        

         

Seja o primeiro a comentar: