Fere o grito
Fere o grito a garganta retalhando os fatos em pequenos instantes.
O sangue mancha o bisturi, enlameia a carne aberta, revela a podridão das células.
Chora o peregrino nos escombros dos viadutos
fugindo da piedade falsa dos seus semelhantes.
O sol aquece índios, ocas, matas,
civilização, cidade, palacetes, edifícios, ladrões, ricos e pobres e, desnuda a
face oculta da morte.
Parado na plataforma, o negror dos trilhos chama-o para compartilhar o vazio do abismo.
Parado na plataforma, o negror dos trilhos chama-o para compartilhar o vazio do abismo.
Tolo, segue contra a correnteza da razão
ferindo-se na margem do rio sem se preocupar com a paixão.
Gira a cabeça num sentido único e deposita o
olhar num relance inequívoco da vida e, realiza o seu mais nobre gesto.
Vira o corpo num ângulo perfeito se afastando
da plataforma e, desconsiderando os olhares assustados que caiam sobre ele,
sobe a escada rolante.
Ao sair da estação, ergue o rosto confiante
na vida, no amor, na amizade e nele mesmo.
Oferece a face para receber gloriosamente o
beijo do sol.
pastorelli
pastorelli
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário