Caracas, disse
Caracas, disse para si mesmo ao ver o prato de feijoada, onde a carne boiava numa gosma de feijão preto. E foi só isso que conseguiu pronunciar, não saiu dessa frase. Olhou para aquilo que se dizia comida sem animo de atacá-la. Os olhos azuis marinho de talento inescrupuloso divagavam de um lado para o outro do prato. Precisava tomar uma decisão. Na tem cabimento ficar olhando para a comida sem se decidir a comê-la.
- Garçom, faz favor me traz a caipirinha da
feijoada.
Quem sabe se tomando uma conseguiria atacar a
massa gosmenta que lambuzava em todos os sentidos o prato branco meio que usado
do restaurante. Assim que o garçom trouxe a caipirinha, entornou o copo de um
gole só. Sentiu a garganta queimar, a bebida desceu rasgando as paredes do
esôfago e bateu no estômago devolvendo em sua boca em forma de azia, a qual
procurou disfarçar com a mão na boca, e levemente arrotar, um arroto pequeno e
silencioso.
Pronto, agora estava preparado para dilacerar
o que dilacerado estava a sua frente. Primeiro, colocou no prato três pequenas
pimenta vermelha, picou bem picadinho. Em seguida despejou o molho que, deveria
ser também apimentando e que não era da feijoada por cima. Olhou para a farofa.
Despejaria a farofa inundando o prato ou colocaria por cima do arroz? Decidiu.
Colocou um pouco de arroz, esparramando uniformemente até cobrir a pimenta. Em
seguida, despejou por todos os lados o arroz com o molho. Aí sim, com a colher
caçou uns pedaços que boiava na cumbuca e, jogou por cima.
Como é gostoso pegar um pouco do feijão preto
com a colher e enfiar na boca colhendo todo o sabor gosmento do feijão preto.
Deliciava-se com isso. Ingeriu mais um gole da caipirinha. Armado com o garfo e
faca atacou o liquido preto misturado com o molho, os pedaços de carnes, arroz
e farofa, tomando de vez enquanto um gole de caipirinha, na calma do frio de
primavera, almoçou sossegadamente, apreciando o movimento dos afobados por
conseguir um lugar.
pastorelli
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