o amor
está nas bolhinhas de gás
acelerando
rápidas do fundo rumo a superfície.
mas o
amor também está
se as
bolhas inexistem.
o amor
está no lento movimento de vaivém das plantas
– como
se estivessem acenando.
ele está
no vigor, no destemor e na velocidade da juventude.
ele está
também quando as escamas caem
ou se
alguém amanhece boiando,
com os
olhos em xis.
o amor
está no impulso para a subida,
no
abocanhar do alimento
e no
submergir.
o amor
está quando o peixinho amarelo nada ao lado do verde,
mas ele
também está se o peixinho amarelo
decide
nadar ao lado de outro peixinho,
ele está
também quando o peixinho verde nada só.
o amor
está na nadadeira quebrada,
assim
como está nos seixos que recobrem o fundo,
no
reflexo da luz do sol sob a superfície,
quando visto
de baixo,
ou no
reflexo da luz do sol sobre a superfície,
se visto
de cima.
o amor
está quando não resta mais a esperança,
no
grito inaudível da dor lancinante de um peixe.
mas ele
está também no canto da sereia,
no
tridente de Netuno,
na
sunga do Aquaman.
É ridículo,
é estranho, é um contrassenso não o percebermos
quando ele
está em toda a parte.
É
preciso lembrarmo-nos sempre que
fora dele
não
existe o aquário.
1 Comentário
Visão bonita do amor!
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