A
sua cabeça pintava o mundo, não havia distinção entre ela e o horizonte-lâmina,
as suas mãos frias e fortes, nenhum músculo do meu corpo nunca pôde resistir a
você. Nossos pés quase asas, distantes do chão, você rindo de mim, por eu não
querer olhar para baixo, desafiando o meu olhar. Seus olhos acesos com pupilas
canibais.
Azul
é coisa boa em Português, coisa feliz que eu senti, em muitos momentos ao seu
lado, mas o tempo e as imagens fora da fotografia, emolduradas pelo olhar que
ainda é meu, mas agora noutro eu, neste futuro fatia de tempo que não te abriga,
seis anos, três meses e sete dias... Ás vezes me sinto blue, o canto coisa triste do Inglês.
Um
dia frio de verão, seus poros assanhados pelo vento, eu vi pelo furo em sua
calça, a vida sempre se esconde nas brechas. Bastava estarmos juntos para
inventar o sol e o mar: água imensidão criada com a cor da parede. O real é um
muro entre nós. Não foi o amor, mas o sim o tempo que nos apartou, deveriam ter
virado as nossas ampulhetas ao mesmo tempo, a minha areia dissolve o corpo e as
imagens, dentro do tempo que me resta fora desta fotografia.
Fotografia de Roberta Perônico,
enviada por Danny Lee, esta é a quinta postagem deste projeto sem nome, mas cheio de vontade de não deixar a potência da vida represada e assim ampliar a
possibilidade do diálogo.
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