sábado, 25 de agosto de 2018

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BLUE

A sua cabeça pintava o mundo, não havia distinção entre ela e o horizonte-lâmina, as suas mãos frias e fortes, nenhum músculo do meu corpo nunca pôde resistir a você. Nossos pés quase asas, distantes do chão, você rindo de mim, por eu não querer olhar para baixo, desafiando o meu olhar. Seus olhos acesos com pupilas canibais.
Azul é coisa boa em Português, coisa feliz que eu senti, em muitos momentos ao seu lado, mas o tempo e as imagens fora da fotografia, emolduradas pelo olhar que ainda é meu, mas agora noutro eu, neste futuro fatia de tempo que não te abriga, seis anos, três meses e sete dias... Ás vezes me sinto blue, o canto coisa triste do Inglês.
Um dia frio de verão, seus poros assanhados pelo vento, eu vi pelo furo em sua calça, a vida sempre se esconde nas brechas. Bastava estarmos juntos para inventar o sol e o mar: água imensidão criada com a cor da parede. O real é um muro entre nós. Não foi o amor, mas o sim o tempo que nos apartou, deveriam ter virado as nossas ampulhetas ao mesmo tempo, a minha areia dissolve o corpo e as imagens, dentro do tempo que me resta fora desta fotografia. 




Fotografia de Roberta Perônico, enviada por Danny Lee, esta é a quinta postagem deste projeto sem nome, mas cheio de vontade de não deixar a potência da vida represada e assim ampliar a possibilidade do diálogo. 



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