O tempo desatualiza
os momentos? Talvez deva perguntar que momentos
de descobertas e verdades escondidas podem me atingir no tempo. Em que dias? Seus
dias? Meus dias? Ou nossos dias perdidos no esquecimento? Segundo Saramago, “Todos sabemos que cada dia que nasce é o
primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um
dia a mais”.
Na
eterna ironia do tempo, guardo a palavra, a história e o olhar de conquista,
onde a vida me delega momentos sem limites e duradouros fios de esperança. Como
em Hermes Aquino, “... Não adianta
escrever seu nome numa pedra / Pois esta pedra em pó vai se transformar / Você
não vê que a vida corre contra o tempo / Sou um castelo de areia na beira do
mar... // Sou nuvem passageira...”
Para o tempo desatualizar meus
momentos é necessário um ponto de inflexão sem valor emergente, porque meus
momentos são imagens que permanecem em mim, em que não desisto do feito e
interiorizo e registro na memória a passagem, como processo de transformação,
ao buscar a lembrança do momento sensível e necessário para desdobrar o tempo
ao questionar: o tempo desatualiza meus momentos? Lembro Fernando Pessoa, no Livro do Desassossego, “... Por arte
entende-se tudo que nos delicia sem que seja nosso – o rastro da passagem, o
sorriso dado a outrem, o poente, o poema, o universo objetivo... Sentir sem
possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa sua essência”.
Não por acaso, o tempo coincide
com mudanças, mas, minha memória atualiza os momentos em que vivo a experiência
da diferença no por do Sol. O que me leva a uma passagem verdadeira no momento
em que sei ser única, porque percorro o avesso da realidade; como nas palavras
de Fernando Andrade, “... Hoje é o dia
para celebrar / A alegria de estar / Vivo e cercado / De pessoas que amo - //
Assim, com essa luz à volta, / Não há por que temer tanto / O fim, nem a
memória do começo...”.
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