quarta-feira, 28 de agosto de 2019

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JOGO DE INTERESSES



     
          Todo jogo de interesses é cruel, quando se trata da concorrência que envolve a sobrevivência. Sei que quem constrói uma sociedade melhor somos nós que a compomos. Aqui, o jogo de interesses é o movimento das palavras que se encontram e se entrecruzam nos pensamentos (de J.W.Solha e Pedro Du Bois). Justamente, poetas que constroem na literatura a função e a capacidade de ler o outro, na aliança irrestrita dos valores e questões afetivas e renovadoras.
          Portanto, na literatura, lançamentos de livros se estendem em trabalhos conjuntos, que podem representar o jogo de interesses: valores não são mais discursos, mas, referências de cada poeta, que se refletem em suas escritas.
          Poetas conVersam entre si e, às vezes, se inspiram com as leituras ao se expandirem na ideia do jogo de interesses. É irresistível assumir a recriação como ideia que vai além, estimulando princípios de interesses comuns.
          Neste jogo de interesses desvelo J.W.Solha que, olhando em volta, leu o livro Tânia, de Pedro Du Bois e, por conta própria, em exercício da criatividade e de conhecimento literário, com consciência crítica, colocou no papel o desafio dos poemas de Du Bois, ao perceber que deles podia extrair outro poema: “Pedro, Tânia, Acabo de ler a bela série de poemas criada pelo amor entre vocês. Do total de versos grifados me resultou um dos mais altos cantos de um homem a uma mulher: Trazes no corpo / Emoldurado espírito. / Trazes no íntimo a luz / E a chama./ Iluminas e queimas trajetórias: levas / O incêndio ao clarão da rua. Agitas / O silêncio. / Ao passado concedes / A tentativa de ser permanência./ Sabes sair / E chegar: ouvir e escutar / E falar. / Transtornas / A irrealidade / Em fato consumado. / Sabes./ Sabes discernir o certo e o escuro./ Determinada em acontecimentos Não diriges a obra. Deixas que seja / Construída ao sabor / Do vento / No relento./ Consomes o interesse / E o frio, / És a improbabilidade / Da ausência, / E o esforço / Desconcerta o alvoroço/Com que te quero./O tom te eleva/E o horizonte / Recoloca palavras / Em tua boca. / Trazes a filha / Que traz as filhas./ Na totalidade em que te divides / Demonstras o azul e o verde / O céu e o mar / A água./ És o todo / O pouco / A parte. / És partida / E a permanência grita teu nome”.
          Uma vez que no caminho consegue transformar as palavras, como agora, fica fácil entender que a diferença e a empatia do escritor é atitude no perceber as intenções da convivência, mostrando a importância do conhecimento ao se preocupar em multiplicar e expandir a literatura como jogo de interesses na cultura.


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